A tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul e as recentes dúvidas sobre o cenário fiscal brasileiro levaram o Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) a registrar a maior alta em quase três anos, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
A economista responsável pelo indicador, Anna Carolina Gouveia, destacou que essa alta expressiva reflete a combinação desses fatores.
O IIE-Br subiu 6,4 pontos em maio, alcançando 112,9 pontos, o nível mais alto desde março de 2023, quando chegou a 116,7 pontos.
“Este foi o maior aumento desde setembro de 2021, quando o indicador subiu 11,8 pontos”, afirmou Gouveia.
Ela explicou que, embora o desastre no Rio Grande do Sul tenha sido o principal catalisador desse aumento, as incertezas fiscais que emergiram no último mês também tiveram um papel significativo.
“Mas a intensidade da alta está mais relacionada ao que aconteceu no Rio Grande do Sul”, explicou Gouveia.
“Atualmente, não temos clareza sobre os impactos econômicos reais das perdas comerciais e danos à infraestrutura causados pelas chuvas, o que gera uma grande incerteza.”
Outro fator destacado pela economista é a indefinição sobre os custos da reconstrução no Estado e o apoio financeiro do governo federal, o que contribui para manter a incerteza em níveis elevados.
Além disso, o mercado continua atento à trajetória dos juros básicos, tanto no Brasil quanto nos EUA.
Gouveia observou que, nos próximos meses, o mercado pode se ajustar em relação às expectativas de juros e inflação, tanto no cenário doméstico quanto internacional.
No entanto, a tragédia no Rio Grande do Sul e as questões fiscais devem continuar a gerar incertezas.
“O indicador pode voltar a cair, mas é improvável que retorne ao nível de abril (106,5 pontos) tão cedo”, disse a economista, indicando que quedas mais substanciais na incerteza são menos prováveis nas próximas medições.