As ações da Berkshire Hathaway (NYSE:BRK-B) apresentaram uma queda de mais de 6% na sessão de segunda-feira, 5 de outubro, após o mercado digerir os rumos da empresa, incluindo o anúncio de que Warren Buffett deixará seu cargo de CEO no final de 2025. Às 10h44 (horário de Brasília), os papéis caíam 6,36%.
No primeiro trimestre de 2025, a Berkshire Hathaway reportou um lucro de US$ 9,64 bilhões, uma redução de 14% em comparação ao mesmo período do ano anterior, além de uma leve queda na receita para US$ 89,73 bilhões. A expectativa de Wall Street era de uma queda de 9% nos lucros, equivalente a US$ 4,72 por ação, e um aumento leve na receita, prevista em US$ 90,83 bilhões.
Apesar da queda nos lucros, o caixa da empresa alcançou um novo recorde de US$ 347,7 bilhões, superando os US$ 334,2 bilhões do ano anterior.
A decisão de Buffett de deixar a presidência encerra uma trajetória de seis décadas como um dos investidores mais icônicos da história. Ele transmitirá a liderança ao vice-presidente Greg Abel, sinalizando uma transição significativa na gestão do conglomerado. Enquanto investidores esperam que a cultura a longo prazo da Berkshire continue sob a liderança de Abel, há preocupação em relação à perda da visão única e poder de influência de Buffett.
Durante a assembleia anual, Buffett anunciou sua saída repentina, e acionistas expressaram confiança em Abel, embora sua capacidade de manter a mesma empolgação suscitada por Buffett permaneça em debate. Alguns investidores destacaram a expectativa em relação ao desempenho das ações da Berkshire na segunda-feira, enfatizando a dificuldade de encontrar um sucessor à altura de Buffett.
“Este é o bebê de Buffett, e ele planejou uma sucessão ordenada que não comprometa o valor de seu legado”, afirmou Daniel Hanson, gestor da Neuberger Berman. Por outro lado, Richard Lancaster, consultor de contabilidade, comparou a mudança à transição de Steve Jobs para Tim Cook na Apple, reforçando a ideia de duas personalidades e abordagens distintas à frente da empresa.
Sob a liderança de Buffett, o retorno anualizado para acionistas da Berkshire foi quase o dobro do Standard & Poor’s 500. A influência de Buffett era tão significativa que novos anúncios de investimentos pela Berkshire rotineiramente impulsionavam os preços das ações, independente de sua participação. Analistas afirmam que Abel poderá ser mais ativo na supervisão das subsidiárias da Berkshire, precisando equilibrar a continuidade da cultura da empresa com sua própria marca na liderança.
Além disso, algumas vozes dentro da comunidade de investidores estão pedindo a reinstituição de dividendos, prática suspensa desde 1967. A confirmação da continuidade de Buffett como presidente do Conselho de Administração destaca que ele ainda exercerá influência direta sobre o conglomerado, que agora possui um valor de mercado estimado em mais de US$ 1,16 trilhões. Durante a assembleia, a Berkshire também expressou preocupações sobre a incerteza que as tarifas podem trazer ao seu futuro.
(com Reuters)