Os altos índices de juros têm afastado consumidores do financiamento imobiliário, resultando em uma crescente demanda por aluguéis. Em setembro, os preços de locação residencial registraram um aumento de 0,55%, consolidando a tendência de crescimento observada ao longo de 2025. Segundo o Índice FipeZAP, que monitora os valores médios de aluguel em 36 cidades brasileiras, essa elevação é um reflexo das condições atuais do mercado imobiliário.
Embora o aumento tenha sido um pouco menos acentuado do que o 0,66% registrado em agosto, o índice de setembro permanece superior à inflação oficial de 0,48% medida pelo IPCA e à alta de 0,42% do IGP-M, o indicador comumente usado para reajustes de aluguel. Desde o início do ano, os preços de locação acumulam uma alta de 7,42%, quase o dobro da variação do IPCA, que foi de 3,64%, e muito acima do recuo de 0,94% do IGP-M.
Três dormitórios impulsionam o aumento de preços
Os imóveis com três dormitórios foram os principais responsáveis pelas elevações no mês, com um aumento de 0,74%. Essa procura reflete a demanda de famílias por maiores espaços, uma tendência que se intensificou no pós-pandemia. Em contrapartida, as unidades com quatro quartos ou mais apresentaram uma variação modesta de 0,10%.
De acordo com a análise do FipeZap, a demanda por imóveis de médio padrão, especialmente em áreas com boa infraestrutura, tem sustentado a valorização. “O aluguel continua sendo uma opção mais acessível do que a compra em um cenário de juros elevados”, afirma o relatório.
Capitais apresentam variação disparada
Entre as 36 cidades monitoradas, 27 observaram aumento nos preços dos aluguéis em setembro. O Nordeste se destacou, com Aracaju apresentando um crescimento de 5,11%, seguido por Salvador (2,20%), Teresina (2,10%) e João Pessoa (1,91%). No Sul, Porto Alegre teve um aumento de 1,42% e Curitiba 1,17%.
Nas capitais do Sudeste, os aumentos foram mais moderados, com São Paulo apresentando uma alta de 0,18% e Rio de Janeiro 0,19%. No entanto, cinco cidades registraram queda, destacando-se Campo Grande, que teve uma redução de 1,51%, e São Luís, com 0,81%.
Acumulado do ano e previsões futuras
De janeiro a setembro, os aluguéis subiram em 35 das 36 cidades analisadas. As maiores valorizações foram em Teresina (17,6%), Aracaju (14,6%), Belém (13,2%), João Pessoa (12%) e Cuiabá (11,9%). No Sudeste, Belo Horizonte subiu 11,3% e Vitória 11,1%, enquanto São Paulo e Rio de Janeiro apresentaram altas de 6,7% e 8%, respectivamente.
Nos últimos doze meses encerrados em setembro, o preço médio do aluguel residencial aumentou 9,93%, superando a inflação de 5,17% do IPCA. As unidades de um dormitório lideraram o aumento, registrando alta de 10,68%, refletindo a demanda crescente por moradia individual, especialmente entre jovens profissionais que buscam viver em centros urbanos. Todas as capitais apresentaram variação positiva, sendo que Teresina destacou-se com 21,3%, Belém 17,4% e Salvador 17,2%.
São Paulo é a capital com maior custo por metro quadrado
O valor médio do aluguel residencial nas 36 cidades analisadas chegou a R$ 50,03 por metro quadrado em setembro. Entre as capitais, São Paulo continua a ter o metro quadrado mais caro, com R$ 61,80, seguido por Belém (R$ 61,32/m²), Recife (R$ 60,81/m²) e Florianópolis (R$ 59,25/m²). As locações mais econômicas são encontradas em Teresina, com R$ 25,71/m², e Aracaju (R$ 27,45/m²), com menores custos refletindo um custo de vida mais acessível e baixa pressão turística sobre o mercado local.
Rentabilidade dos investimentos em imóveis
A rentabilidade média (rental yield) para investidores foi de 5,94% ao ano, ainda abaixo das taxas de remuneração de aplicações financeiras tradicionais, mas dentro da média histórica do setor. Cidades com maiores retornos incluem Belém (8,52%), Recife (8,39%), Cuiabá (8,18%) e Manaus (8,06%). Por outro lado, Vitória, Curitiba e Fortaleza apresentaram rentabilidades mais baixas, de 4,15%, 4,51% e 4,60%, respectivamente.
Com a inflação se mostrando mais controlada e a expectativa de redução nas taxas de juros, o mercado imobiliário deverá continuar sua tendência de valorização, ainda que de maneira moderada. A demanda por locações deve se manter forte, especialmente entre jovens adultos e famílias que optam por adiar a compra do primeiro imóvel, enquanto investidores provavelmente continuarão a buscar renda passiva através dos aluguéis.