Renato Franklin assumiu há dois anos o cargo de CEO do Grupo Casas Bahia (BAHI3), uma das marcas mais emblemáticas do Brasil. Desde então, tem enfrentado o desafio de reverter a situação financeira da empresa, que se encontrava fortemente endividada e com dificuldades operacionais.
O varejo, tradicionalmente conhecido por vender móveis, eletrodomésticos e eletrônicos, passou por um período de diversificação, tentando se transformar em uma fintech e expandir para o marketplace. No entanto, com o cenário econômico apresentando juros elevados, Franklin decidiu focar na disciplina de alocação de capital, priorizando investimentos que garantam retornos efetivos.
Dentre as ações tomadas pelo CEO, destaca-se a reestruturação da dívida de R$ 4 bilhões, que permitiu à companhia recuperar o fluxo de caixa. Franklin ressaltou que a empresa está em fase de transformação e ainda precisa melhorar a eficiência operacional e reduzir a dívida pela metade para retomar o crescimento.
Na entrevista concedida ao programa InfoMoney Entrevista, Franklin comentou sobre a situação atual da empresa e as mudanças que implementou:
InfoMoney – Qual é o balanço do seu segundo ano como CEO?
Franklin – Apesar de algumas conquistas, ainda estamos no meio da transformação, que deve ser concluída até o final do ano. A empresa possui uma marca forte e um potencial significativo, mas o foco deve ser na atuação em áreas onde somos líderes.
“Vender itens com ticket baixo, ser um marketplace ou fintech consome muito capital e foi um erro no contexto atual.”
Franklin explicou que a estratégia atual se concentra em otimizar o capital e ajustar a estrutura organizacional da empresa, reduzindo cerca de 50% dos cargos de liderança para aumentar a agilidade. Ele enfatizou que as vendas de lojas físicas cresceram 17% e o crediário teve um aumento de mais de 30% em sua carteira, resultados que contribuíram para uma margem EBITDA significativa no quarto trimestre de 2023.
InfoMoney – A reestruturação da dívida foi uma solução estrutural e definitiva?
Franklin – A reestruturação trouxe alívio no fluxo de caixa e gerenciou melhor os passivos, mas ainda há desafios pela frente. Trabalhamos em duas frentes: a otimização operacional e a redução da alavancagem financeira.
“Precisamos de uma estrutura sólida, pois o varejo é uma proxy do macroeconômico.”
Embora a companhia tenha conseguido levantar R$ 400 milhões para alongar dívidas curtas em março de 2024, a incerteza do cenário macroeconômico continua a ser um fator limitante. As expectativas são de retornar à lucratividade nas operações em 2026, após a consolidação das transformaçõe.