A crise financeira de 2008 representou um dos momentos mais críticos da economia global, quase levando o mundo ao colapso. Segundo Lucas Collazo, especialista em investimentos e apresentador do Stock Pickers, essa situação foi provocada por erros que ainda reverberam no mercado atual, que pode estar repetindo antigos padrões de euforia.
“Em 2008, o mundo esteve à beira de um colapso total. Bancos faliram, governos entraram em pânico e tudo começou com empréstimos que nunca deveriam ter sido concedidos”, resume Collazo.
Os financiamentos de alto risco, conhecidos como subprimes, foram o estopim que contagiou o sistema financeiro global. O colapso ocorreu em setembro de 2008, quando o Lehman Brothers, um dos bancos mais respeitados dos Estados Unidos, declarou falência, marcando um momento crítico na história econômica.
“Com a falência do Lehman, a confiança no sistema financeiro global foi destruída”, lembra Collazo. Três palavras definiram aquele período: pânico, desemprego e recessão.
O impacto foi devastador para milhões de famílias: casas foram perdidas, empregos desapareceram e trilhões de dólares evaporaram. Em resposta, o governo dos Estados Unidos lançou um pacote emergencial de US$ 700 bilhões para tentar conter a crise.
A bolha que virou bomba-relógio
Segundo Collazo, a dinâmica que levou à crise era insustentável. “Os bancos concediam crédito a pessoas sem condições de pagamento. Esses empréstimos de alto risco foram classificados como seguros, mas na verdade eram bombas-relógio”, enfatiza.
Essas dívidas eram agrupadas em produtos financeiros chamados CDOs e comercializadas no mercado. O problema se agravou quando as agências de classificação atribuíam notas de segurança a esses produtos, que na prática representavam um risco altíssimo.
No entanto, alguns investidores perceberam o risco antes do colapso. Michael Burry, por exemplo, apostou contra o mercado imobiliário e foi considerado louco na época. Outros, como Steve Eisman e Greg Lippmann, também visualizaram o desastre iminente, como retratado no filme A Grande Aposta.
O dia em que o mundo parou
O auge da crise ocorreu em setembro de 2008, quando o Lehman Brothers anunciou sua falência, protagonizando a maior quebra bancária da história dos Estados Unidos. Imagens de funcionários deixando o prédio, carregando caixas, tornaram-se ícones do caos financeiro.
A decisão do governo de não resgatar o banco, liderada pelo então secretário do Tesouro, Henry Paulson, quase provocou a destruição total do sistema financeiro. “Essa escolha custou caro e colocou o mundo à beira do colapso”, afirmou Collazo.
Em resposta à crise, o Federal Reserve implementou cortes drásticos nas taxas de juros e injetou liquidez ao mercado. No entanto, a recuperação da confiança durou anos, com o ex-presidente do Fed, Alan Greenspan, reconhecendo uma falha em seu modelo econômico ao constatar que os mercados não se autorregulavam como acreditava.
A história pode se repetir
Collazo ressalta que a grande preocupação é se os erros de 2008 realmente foram assimilados. “Após aquela crise, novas bolhas surgiram, como as de Bitcoin, startups avaliadas em bilhões e inteligência artificial”, observa. Segundo ele, padrões de risco voltam a se repetir.
“Aqueles que alertam sobre os riscos são considerados loucos ou são ignorados. No entanto, previsões desconsideradas podem resultar em grandes perdas, como demonstrado em 2008”, avisa Collazo, que reforça a importância das lições aprendidas durante a crise.
A pergunta que queda é: se uma bolha de hipotecas quase destruiu o mundo, qual será o próximo desafio a ser enfrentado?