A Petrobras (PETR4) enfrenta múltiplos desafios que impactam a distribuição de dividendos para 2025 e podem mudar a dinâmica de pagamentos nos próximos anos. A queda no preço do barril de petróleo tem reduzido as receitas da estatal, ao passo que a empresa também aumentou os investimentos (capex) nos primeiros seis meses do ano, resultando em menor caixa disponível para os acionistas.
Além dos fatores econômicos, o cenário político brasileiro desempenha um papel crucial. Embora as eleições presidenciais de 2026 ainda estejam distantes e os candidatos não definidos, especialistas acreditam que os resultados podem alterar significativamente a remuneração dos acionistas.
Queda no Preço do Petróleo
O preço do petróleo registrou uma queda de 12% em 2023, influenciado pelo aumento da oferta pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+). Na última segunda-feira (29), a cotação sofreu novo recuo após o anúncio de que a Opep+ ampliaria a produção, como resposta a uma proposta dos EUA em relação ao conflito na Faixa de Gaza. No dia seguinte, o barril de Brent foi negociado a USD 66.
O BTG Pactual, em relatório recente, afirmou que o excesso de oferta deve persistir, criando riscos de queda adicional nos preços caso a Opep+ desfaça cortes de produção a partir de outubro. Atuais condições geopolíticas são vistas como o único suporte que mantém o preço do Brent na faixa de USD 66 a USD 67.
Aumento dos Investimentos em 2025
No primeiro semestre de 2025, a Petrobras teve um capex que alcançou USD 8,4 bilhões, superando as expectativas do mercado. Alex Silva, da Aware Investments, destacou que os investimentos da companhia totalizaram R$ 23,1 bilhões no segundo trimestre, impactando negativamente o fluxo de caixa livre. Virgílio Lage, da Valor Investimentos, apontou que esses investimentos em exploração e refino podem limitar a capacidade de distribuição de dividendos.
A Petrobras deve apresentar seu plano de negócios para o período de 2026 a 2030 em novembro, com uma meta de redução de custos de USD 8 bilhões em cinco anos. Essa estratégia, segundo o Itaú BBA, poderá beneficiar a distribuição de dividendos.
Expectativas para os Dividendos em 2025
Diante do cenário atual, a expectativa é de que os proventos distribuídos no segundo semestre totalizem aproximadamente R$ 1,56 por ação, sendo R$ 1,05 provenientes de juros sobre capital próprio (JCP) e R$ 0,50 em dividendos. Esse valor resultaria em um dividend yield (DY) de 4,91%, o que representa um retorno de cerca de R$ 490 sobre um investimento de R$ 10 mil.
Para o ano inteiro, o dividend yield estimado é de 10%, sendo metade dos 20% registrados em 2024, quando a empresa distribuiu R$ 84 bilhões. Lage não espera que a companhia anuncie dividendos extraordinários até o fim de 2025, conforme afirmado pelo diretor financeiro Fernando Melgarejo, que reduziu as expectativas para pagamentos adicionais.
Impacto das Eleições nas Projeções de Dividendos
As eleições presidenciais de 2026 se configuram como um elemento relevante nas projeções para a Petrobras. A continuidade no governo atual pode resultar na manutenção de investimentos robustos, limitando a distribuição de dividendos, com projeções entre USD 7 bilhões e USD 8 bilhões anuais, e dividend yield em torno de 9% nos próximos três anos.
Por outro lado, uma mudança no governo pode abrir espaço para redução de capex, venda de ativos e cortes de despesas. Essa abordagem permitiria uma maior distribuição de dividendos, com estimativas na casa de USD 10 bilhões anuais e yield próximo de 12% nos próximos cinco anos.
Perspectivas de Investimento na Petrobras
Embora os dividendos esperados para 2025 estejam abaixo da média histórica, a Petrobras se destaca por apresentar uma combinação de alto dividend yield e valuation descontado. Segundo Silva, a empresa apresenta múltiplos atrativos, com P/L de 4,4x e EV/EBITDA de 2,6x, índices que refletem um custo inferior a empresas do mesmo setor.
Mesmo diante de um cenário de baixo preço do petróleo, a companhia deve manter uma remuneração próxima de 10% ao ano, superando a média do mercado brasileiro. Assim, a Petrobras se configura como uma oportunidade significativa para investidores com uma visão de longo prazo e disposição para lidar com a volatilidade do mercado, aliando fluxo elevado de dividendos e potencial de valorização em caso de recuperação dos preços do petróleo e melhora da percepção do risco político.