A inflação da cerveja no Brasil apresentou um aumento de 0,6% entre o período de 16 de agosto e 15 de setembro, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Tal índice supera o do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), que registrou 0,48% no mesmo intervalo. No cenário anual, a alta da cerveja foi de 5,6%, comparada aos 5,3% do IPCA-15, evidenciando que, tanto mensal quanto anualmente, o preço da cerveja cresceu mais do que a média da cesta de produtos contemplada pelo IPCA-15.
Esta realidade levanta questões para investidores do setor. Para os analistas do Bradesco BBI, o desempenho do mercado revela que as empresas de cerveja têm conseguido implementar reajustes de preço, embora com promoções controladas. A análise surge após as aumentos de preços promovidos pela Ambev (ABEV3) no final do primeiro trimestre e pela Heineken em julho.
No entanto, a perspectiva quanto ao consumo é menos otimista. As vendas continuam em queda, indicando um cenário de demanda fraca. Dados revelaram uma redução de 15% na produção de cerveja em julho, em comparação ao mesmo mês do ano passado. A gestão da Heineken também confirmou que a fraqueza observada no segundo trimestre persistiu ao longo do semestre.
Segundo o Bradesco BBI, o setor enfrenta um dilema entre o aumento dos preços e a diminuição dos volumes vendidos, o que gera incertezas sobre a manutenção do atual equilíbrio, especialmente com a chegada do verão, um período tradicionalmente associado ao consumo elevado de cerveja. A competição entre marcas tende a se intensificar.
Para a Ambev, o banco mantém uma recomendação neutra, estabelecendo um preço-alvo de R$ 13 por ação. Os especialistas acreditam que a empresa poderá gradualmente recuperar parte de sua participação de mercado, embora enfrente desafios significativos no terceiro trimestre.
A previsão atual indica uma queda de 3% nos volumes de cerveja consumidos no Brasil, com uma perspectiva de redução em função da inflação de custos. As ações da Ambev estão avaliadas em 12,8 vezes o lucro projetado para 2026, o que está em linha com empresas globais do setor, mas com um desconto de 12% em relação à AB InBev.