O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, reafirmou, em contato com jornalistas, que está “totalmente” fora de cogitação seu afastamento do cargo. A declaração foi feita após sua participação em uma audiência na Comissão de Previdência da Câmara dos Deputados, onde respondeu a perguntas sobre fraudes no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
Durante a sessão, Lupi foi indagado se havia sido informado sobre conversas relacionadas ao seu possível afastamento. Ele respondeu que não houve nenhuma conversa a esse respeito e destacou que a decisão cabe exclusivamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Eu sei que tenho a confiança dele e estou trabalhando para esclarecer tudo o que estiver incorreto”, afirmou o ministro.
Lupi também comentou que não considerou haver demora na adoção de medidas após tomar conhecimento das denúncias de fraudes no INSS. “Trata-se de uma formação de quadrilha: grupos que se organizaram para criar instituições e desviar dinheiro de aposentados. Isso é chocante para mim”, declarou.
Em suas observações, Lupi expressou surpresa com a magnitude das fraudes, revelando que, embora já soubesse de algumas denúncias isoladas, o volume de irregularidades foi alarmante. “Eu fui surpreendido com o volume disto. A gente recebia queixas, mas não tinha a compreensão do tamanho da organização”, explicou.
Além disso, o ministro destacou que a base para as investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) resultou das apurações que ele mesmo havia determinado no INSS. Ao ser questionado sobre uma suposta demora nas medidas, Lupi negou enfaticamente a acusação: “Quando eu fiz a comparação com o botequim da esquina, era para ilustrar que não é simples; são 7 milhões de pessoas. Como verificar e criar biometria para 7 milhões?”
O ministro reiterou que não hesitou em agir ao descobrir os fatos, mencionando que requisitou providências ao Conselho do INSS, que, apesar de não ser um órgão executivo, poderia debater e deliberar questões macro sobre a Previdência Social. “Estava lá o presidente do INSS e o diretor do INSS. Pedi para que fossem tomadas medidas, tanto que demiti o diretor”, afirmou Lupi.
Conforme reportado pelo Broadcast Político, Lupi demitiu o diretor de Benefícios, André Félix Fidélis, sob a alegação de que sua atuação estava lenta em relação às apurações. Reportagens indicaram que Lupi foi alertado sobre as fraudes em junho de 2023, mas só tomou ações concretas quase um ano depois.