O cenário para o **varejo em 2025** ainda é incerto, mas a perspectiva para os shoppings centers é de crescimento, de acordo com Armando d’Almeida Neto, diretor vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Multiplan (MULT3). Em entrevista ao InfoMoney após a publicação dos resultados do primeiro trimestre de 2025, d’Almeida expressou otimismo em relação ao segundo semestre, apesar do contexto de juros elevados e incertezas econômicas.
A relação do brasileiro com o consumo continua forte, afirma o executivo. “O brasileiro gosta de comprar, por isso vemos o ano com otimismo”, destacou, ressaltando que mesmo em tempos desafiadores, os consumidores tendem a frequentar shoppings, mesmo que para compras menores. Os dados disponíveis indicam uma ocupação dentro dos parâmetros esperados.
Para melhor entender o perfil dos consumidores que visitam seus estabelecimentos, a Multiplan tem investido no aplicativo **MULTI**, que originalmente facilitava o pagamento e a entrada no estacionamento. Desde seu lançamento, o app evoluiu para ser um canal importante de engajamento com os clientes, oferecendo insights sobre a frequência dos visitantes.
- O aplicativo já conta com mais de 8,5 milhões de downloads.
- Houve um aumento de 73% na utilização de serviços de fidelização, como o programa de troca de notas.
- Os dados coletados ajudam os lojistas a entenderem melhor o comportamento dos consumidores, respeitando sempre a Lei Geral de Proteção de Dados, sem individualização das informações.
Em termos de expansão, a Multiplan identificou sete shoppings com potencial para crescimento. D’Almeida apontou que, embora duas unidades tenham sido adiadas para um momento posterior, duas já foram concluídas e três estão previstas para serem finalizadas nos próximos trimestres, em locais como Maceió, São Paulo (Morumbi Shopping) e Brasília. “Temos um grande desejo de crescer no Brasil”, afirmou o diretor, enfatizando que apenas 245 dos 5,5 mil municípios brasileiros abrigam shoppings.
A companhia, no entanto, está adotando uma abordagem cautelosa em relação a capital e alavancagem em um cenário de custos financeiros mais altos. Aquisições e novas unidades não estão sendo priorizadas no momento; o foco está em garantir a sustentabilidade das operações existentes. Além disso, d’Almeida considerou a recompra de ações, realizada em outubro de 2024, uma “oportunidade única”, que foi feita sem comprometer o potencial de crescimento ou o retorno aos acionistas.
Os resultados do primeiro trimestre mostraram uma queda de 12% no lucro, porém, superaram as expectativas de analistas e não inibiram a confiança dos investidores, com as ações subindo 1,39% na sexta-feira, 25 de abril. No acumulado anual, as ações apresentaram uma valorização de 24%. Segundo d’Almeida, a queda pode estar associada à combinação do Carnaval em fevereiro e da Páscoa em abril, mas ele reafirmou que a operação continua em boas condições.