Nos últimos dias, o mercado tem observado uma performance negativa das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4). Na sessão de terça-feira, 30 de outubro, as ações continuam em queda pela quinta vez consecutiva: PETR3 apresenta uma desvalorização de 2,24%, cotada a R$ 33,55, enquanto PETR4 registra uma perda de 1,67%, fechando a R$ 31,29 às 16h35 (horário de Brasília).
A queda das ações está associada a uma série de fatores, incluindo ressalvas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobre a licença para exploração da Margem Equatorial, além de um possível impacto na reestruturação da Braskem. Hoje, a Petrobras também reagiu à diminuição dos preços do petróleo.
O petróleo WTI para novembro, negociado na New York Mercantile Exchange (Nymex), encerrou a sessão com uma queda de 1,70% (US$ 1,08), atingindo US$ 62,37 o barril. No mesmo período, o Brent para dezembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE) de Londres, caiu 1,58% (US$ 1,06), fechando a US$ 66,03 o barril.
A commodity fechou a sessão anterior, 29 de outubro, com uma queda superior a 3%, após informações de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) estão dispostos a aumentar a oferta, além da proposta norte-americana de cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza.
Em um recente relatório, analistas do Citi ajustaram suas projeções para os preços do Brent em 2026, estipulando-os em US$ 62 devido à expectativa de aumento nos estoques decorrente da decisão da OPEP+. Em função desse novo cenário, as ações preferenciais da Petrobras foram revistas, passando de R$ 35 para R$ 31. A análise também reduziu o preço dos ADRs (American Depositary Receipts) de US$ 12,50 para US$ 12.
Impacto da Braskem
Na segunda-feira, 29 de outubro, as ações da Petrobras acompanharam a forte queda dos papéis da Braskem (BRKM5), que despencaram quase 4% após um recuo de mais de 40% em 2025. A petroquímica pode estar se preparando para uma reestruturação significativa de sua dívida.
Um relatório do BTG detalha o impacto potencial para a Petrobras, indicando que a empresa pode precisar injetar capital para manter até 49% de participação, caso haja conversão de dívida em capital na Braskem, sem deságio. A análise sugere que, se 25% da dívida da Braskem (equivalente a US$ 1,7 bilhão) for convertida em capital, a Petrobras precisaria igualar esse valor com uma injeção adicional. Sob essa estrutura, a alavancagem da Braskem seria reduzida para 2,6 vezes a dívida líquida sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) até 2026.
Além disso, a análise estima que o dividend yield da Petrobras poderia cair cerca de 0,8 pontos percentuais, chegando a 8,2% caso essa capitalização ocorra. Segundo os analistas, a Petrobras deve monitorar continuamente qualquer conversão de dívida para preservar sua participação, o que impactaria o retorno aos acionistas.
Quedas Sucessivas
As ações da Petrobras vêm enfrentando queda contínua motivadas pela aprovação do teste realizado para a solicitação de autorização do Ibama para exploração do bloco FZA-M-59, na Margem Equatorial. Apesar de a aprovação ter sido anunciada na quarta-feira, 24 de outubro, foram solicitados ajustes para a concessão da licença final, o que gerou incertezas no mercado.
O teste foi finalizado em 27 de agosto e representa uma etapa crucial para a Petrobras, que já apresentou resposta ao Ibama na sexta-feira, 25 de outubro.