As ações da Companhia Brasileira de Alumínio (CBAV3), integrante do grupo Votorantim, tiveram uma performance destacada nesta terça-feira, 8 de outubro, refletindo rumores sobre uma possível aquisição pela Emirates Global Aluminium (EGA), um dos maiores grupos do setor no Oriente Médio. Por volta das 15h30, os papéis da CBA apresentavam uma valorização de 10,32%, com cotação a R$ 4,49.
Segundo informações exclusivas de fontes consultadas pela agência Reuters, a EGA estaria avaliando a compra da CBA, motivada pelo controle da empresa sobre toda a cadeia produtiva de alumínio, que abrange desde a mineração e refino de bauxita até a fundição de produtos primários. O banco Morgan Stanley atua como assessor financeiro da operação, que se insere na estratégia de expansão global da EGA. No fechamento do dia 6 de outubro, a CBA foi avaliada em US$ 487 milhões, e suas ações já haviam experimentado um aumento de 6% logo na manhã de terça-feira, em decorrência das especulações.
Controlada em 69% pelo grupo Votorantim, a Companhia Brasileira de Alumínio é reconhecida por produzir alumínio de baixo carbono em sete estados do Brasil, operando tanto de forma física quanto digital. Especialistas ressaltam que o controle sobre minas próprias e o acesso direto à bauxita tornam a empresa um ativo atrativo para investidores em busca de consolidar sua presença no setor.
As conversas sobre uma possível venda da CBA ganharam impulso no final de agosto, conforme a companhia procurava atrair investimentos para o Projeto Rondon, que visa a extração de bauxita com um investimento estimado em cerca de US$ 2,5 bilhões. Entre os potenciais interessados estão Rio Tinto, Alcoa e Chinalco.
Apesar da ausência de uma estimativa oficial de valor para uma possível oferta, a XP Investimentos apontou que as especulações sobre a venda contribuíram para uma valorização de 12% nas ações da CBA na última semana. Este movimento acompanha a expectativa de recuperação da empresa após um segundo trimestre considerado fraco, com melhorias projetadas para o terceiro trimestre de 2025 (3T25).
No segundo trimestre de 2025, a CBA reportou um EBITDA ajustado de R$ 189 milhões, o que representa uma queda de 56% em relação ao trimestre anterior e de 44% comparado ao mesmo período do ano passado; o resultado ficou abaixo da expectativa do mercado, que previa R$ 298 milhões. A EGA, por sua vez, mantém uma postura de monitoramento sobre oportunidades de crescimento, mas não se manifestou formalmente sobre os rumores. A CBA, assim como o Morgan Stanley e o grupo Votorantim, também não se pronunciaram a respeito da situação.
Recentemente, a EGA alertou sobre a persistência da volatilidade nos preços do alumínio, influenciada por tensões comerciais globais, inclusive com tarifas impostas pelos Estados Unidos. No início do ano, a empresa firmou acordos de US$ 200 bilhões com o governo americano após uma visita do ex-presidente Donald Trump à região. Além disso, anunciou um investimento de US$ 4 bilhões em uma nova fundição de alumínio primário em Oklahoma, a primeira deste tipo nos EUA desde 1980, condicionado a garantias de fornecimento de energia a longo prazo e incentivos fiscais. Em março passado, a empresa noticiou uma queda de 23,5% no lucro líquido de 2024, resultado de perdas na Guiné e da implementação de um imposto corporativo nos Emirados Árabes Unidos.