Ryanair Pode Reavaliar Pedidos à Boeing devido a Tarifas
A Ryanair, companhia aérea irlandesa, indicou a possibilidade de cancelar um pedido de 330 aeronaves da Boeing (BOEI34) em resposta a tarifas que podem encarecer os aviões. A declaração foi feita pelo CEO da empresa, Michael O’Leary, em uma carta endereçada ao legislador dos EUA, Raja Krishnamoorthi.
O’Leary escreveu para Krishnamoorthi após o deputado alertar que as companhias aéreas, tanto nos EUA quanto na Europa, não deveriam optar pela fabricante chinesa Comac por motivos de segurança. Em sua comunicação, O’Leary também criticou as tarifas impostas pelo ex-presidente Donald Trump, que afetaram uma área da aviação que historicamente esteve protegida desde 1979.
“Se o governo dos EUA seguir com seu plano mal estruturado de impor tarifas, afetando significativamente os preços das exportações da Boeing para a Europa, certamente reavaliaremos nossos pedidos,” afirmou O’Leary na correspondência, datada de quinta-feira e acessada pela Bloomberg News.
A Ryanair opera atualmente uma frota de mais de 600 aeronaves Boeing 737, com um total de pedidos avaliados em mais de US$ 33 bilhões e entregas previstas para a próxima década. Em meio a um cenário de aumento de tarifas, executivos do setor aéreo buscam alternativas para evitar custos adicionais, como demonstrado pelo redirecionamento de entregas da Delta Air Lines do fabricante europeu Airbus através de Tóquio.
Até o momento, a China é o único grande mercado que aumentou reciprocamente as taxas sobre importações dos EUA. Essa situação impactou a cadeia de suprimentos global e gerou incertezas quanto a possíveis retaliações da União Europeia, que podem desestimular a demanda por aeronaves.
Em sua carta, O’Leary destacou a importância de manter baixos custos operacionais para a companhia de baixo custo na Europa, enfatizando que isso é crucial para seu modelo de negócios. Apesar de não ter discutido oficialmente aquisições com a Comac desde 2011, O’Leary expressou que consideraria essa opção se surgissem condições mais favoráveis.
“Cabe à Boeing e ao governo dos EUA garantir que suas grandes aeronaves sejam competitivas em termos de preço,” concluiu O’Leary.
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