A Polícia Federal (PF) orienta aposentados e pensionistas do INSS a revisarem seus extratos de pagamento após a descoberta de um esquema de fraudes que prejudicou milhares de beneficiários com descontos indevidos. Essa recomendação surge em decorrência da Operação Sem Desconto, realizada na quarta-feira, 23, em colaboração com a Controladoria-Geral da União (CGU).
As investigações indicam que o golpe envolvia entidades que firmavam convênios com o INSS para aplicar mensalidades associativas diretamente sobre os benefícios previdenciários, frequentemente sem o consentimento dos segurados. O prejuízo total decorrente desses descontos não autorizados é estimado em R$ 6,3 bilhões entre os anos de 2019 e 2024.
A PF destaca a importância de os aposentados acessarem seus extratos por meio do aplicativo ou site do Meu INSS, checando especificamente o campo destinado a "mensalidade associativa". Se forem identificados descontos indevidos, é possível solicitar a exclusão da cobrança e bloquear futuros débitos. Essa assistência também está disponível por meio da Central 135 ou diretamente com as entidades envolvidas.
Até agora, aproximadamente 180 mil beneficiários já pediram a devolução dos valores descontados de forma irregular, mas estima-se que o número real de vítimas seja significativamente maior.
Detalhes da Investigação
A operação resultou no afastamento de seis servidores, incluindo o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e o diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão, Vanderlei Barbosa dos Santos. As investigações revelaram falhas na fiscalização e a possibilidade de facilitação interna que teria viabilizado os descontos.
Conforme informado pela CGU, cerca de 80% das cobranças foram realizadas por entidades que estão sob investigação. A auditoria também constatou que muitos aposentados não tinham conhecimento sobre sua filiação a essas entidades e não autorizaram os descontos. Embora as organizações prometessem benefícios como acesso a academias, suporte jurídico e parcerias comerciais, muitos desses serviços não eram efetivamente disponibilizados.