A automação no mercado de day trade, através de robôs, tem apresentado um crescimento significativo. No entanto, especialistas ressaltam que essa tecnologia não deve ser vista como um “caixa eletrônico” e requer disciplina e critérios técnicos bem definidos. É essencial respeitar a margem de segurança e validar estratégias para evitar frustrações.
Esse tema foi discutido no episódio especial do programa Trade Show Especial, do canal GainCast. O encontro contou com a presença de profissionais como Marcelo Carvalho, trader e influenciador da Clear Corretora e da Ontick Invest; Lucas Lubrano, analista Quant e técnico da XP; além de André Moraes e Roberto Indech, que abordaram os desafios e as vantagens da automação no trading.
Robôs no Trading: Mitos e Realidades
Marcelo Carvalho, que possui mais de seis anos de experiência no setor, destacou que muitos traders iniciantes ainda operam com expectativas equivocadas. “Muitos acreditam que os robôs funcionam como caixas eletrônicos e não respeitam as margens definidas pelo desenvolvedor”, afirma. O especialista alertou que o maior erro cometido por investidores é a tentativa de acelerar os ganhos sem considerar o capital recomendado. Estratégias que incluem muitos lotes ou um número excessivo de operações diárias são frequentemente causadoras de frustração.
A Importância do Backtest
Quando questionado sobre a validação de estratégias, Carvalho enfatizou a importância do teste histórico. “Qualquer indicador pode ser criado, mas sua eficácia é avaliada somente por meio de testes estatísticos”. Ele observa que muitos traders acreditam ter setups infalíveis, mas frequentemente se deparam com resultados desfavoráveis após a realização do backtest.
Lucas Lubrano, atuando no desenvolvimento de robôs há cerca de um ano, complementou que a qualidade do backtest está diretamente relacionada à quantidade de operações analisadas. “É difícil fazer um teste com poucas entradas, pois a expectativa matemática do resultado é limitada”, explica, referindo-se especialmente a estratégias de swing trade, que possuem menor frequência de operações.
Criando Robôs sem Programação
Carvalho também abordou a possibilidade de traders criarem suas próprias estratégias de robôs sem conhecimentos avançados em programação. “Comecei em 2017 sem ser programador e percebo que muitos desejam, mas sentem-se intimidados pela necessidade de programar”, destaca.
Ele explicou as diferenças entre os modelos de robôs disponíveis, com base na transparência da lógica operacional:
- White Box: Acesso completo à lógica operacional, permitindo personalização total.
- Gray Box: Acesso parcial; permite ajustes em elementos como stop e take.
- Black Box: Operação fechada; o trader deve confiar plenamente nos resultados apresentados.
Carvalho afirma que mesmo sem dominar a codificação, quem conhece o básico da análise técnica já é capaz de desenvolver estratégias simples, utilizando conceitos como cruzamento de médias e bandas de Bollinger.
Desafios da Programação
Por outro lado, aqueles que desejam se aprofundar na programação, como Lubrano, destacam a necessidade de dedicação. “O primeiro passo é estudar programação, sendo o MQL5 uma das linguagens comuns entre os traders”, aponta. Embora ferramentas de IA, como o ChatGPT, possam coadjuvar no aprendizado, ele recomenda que iniciantes escrevam seu código do zero e busquem cursos específicos, como os ofertados por Malacarne e outros desenvolvedores da comunidade.
A Automação no Trading Manual
O painel também debateu a interação entre automação e operações manuais. Carvalho enfatizou que, embora os robôs possam substituir em alguns aspectos, eles também incrementam as operações manuais, melhorando o desempenho geral. “Os robôs podem ajudar traders a suportar momentos difíceis, onde a emoção poderia influenciar decisões ruins”, conclui.
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