O ex-economista-chefe global do Citigroup, Willem Buiter, argumentou que os bancos centrais deveriam considerar a venda de suas reservas de ouro, classificando o metal como uma “bolha de 6 mil anos” sem valor intrínseco relevante. Sua análise foi publicada no Financial Times na última sexta-feira, 10 de novembro.
Buiter observou que o preço do ouro ultrapassou US$ 4.000 por onça após um aumento superior a 50% no ano, refletindo, segundo ele, uma valorização irracional. O economista criticou a percepção histórica que liga o ouro à reserva de valor, afirmando que essa visão é mantida por “prisioneiros da história”, já que o metal possui utilidade econômica limitada.
“Ao tratar o ouro como uma reserva de valor, o mundo se torna um prisioneiro inconsciente da história”, expressou Buiter. Ele enfatizou que nenhum banco central deveria concentrar investimentos em um ativo físico com “valor intrínseco desprezível e risco elevado”.
Buiter também estabeleceu um paralelo entre o ouro e o Bitcoin, notando que ambos se valorizam com base na percepção do mercado. No entanto, ressaltou que o ouro é menos eficiente como meio de pagamento em comparação com criptomoedas ou moedas digitais emitidas por bancos centrais.
O custo de produção do ouro também foi criticado por Buiter, que o classificou como um desperdício de recursos. Ele citou dados do World Gold Council, indicando que o custo total de extração do metal chega a aproximadamente US$ 1.500 por onça, enquanto cerca de 5.000 toneladas são produzidas anualmente.
Desde 2022, os bancos centrais têm aumentado suas reservas de ouro em mais de 1.000 toneladas por ano, fazendo com que o metal representasse cerca de 20% das reservas globais dessas instituições no final de 2024, ultrapassando a participação de 16% estimada para o euro.
Buiter concluiu sua análise afirmando que a manutenção do ouro como um pilar das reservas oficiais não possui justificativa econômica. Ele sugeriu que os bancos centrais vendessem suas reservas a investidores privados dispostos a assumir riscos.