O domínio do dólar como a principal moeda de reserva global enfrenta novos desafios. Nos últimos anos, bancos centrais têm reduzido suas participações em dólares, enquanto aumentam seus investimentos em ouro. Agora, o Deutsche Bank aponta que o Bitcoin (BTC) pode se juntar ao ouro como um potencial ativo de reserva nos próximos cinco anos.
De acordo com um relatório recente da instituição, a maior criptomoeda do mundo, que apresentou volatilidade na semana em questão devido a novas tarifas implementadas por Donald Trump, pode ser avaliada como uma alternativa viável ao lado do metal precioso. O banco alemão analisou ambos os ativos com base em critérios essenciais de reserva, como volatilidade, liquidez e confiança, e concluiu que tanto o ouro quanto o Bitcoin podem coexistir nas reservas dos bancos centrais até 2030.
Semelhanças entre Bitcoin e Ouro
O relatório destaca que tanto o Bitcoin quanto o ouro compartilham características importantes, sendo a escassez uma das principais. O Bitcoin possui um limite fixo de 21 milhões de unidades, conforme estabelecido por Satoshi Nakamoto em seu white paper de 2008. Essa propriedade confere ao ativo digital uma natureza deflacionária, ao contrário das moedas fiduciárias, que tendem a perder valor devido à inflação.
Outro aspecto relevante é a independência do Bitcoin em relação a governos, o que pode torná-lo atrativo para autoridades monetárias, especialmente como uma ferramenta de diversificação. Além disso, a adoção do Bitcoin tem crescido não só entre governos, mas também entre investidores institucionais e empresas. Atualmente, cerca de 200 empresas globalmente mantêm Bitcoin em suas reservas, incluindo as brasileiras Méliuz (CASH3) e a OranjeBTC, que deve estrear na bolsa no próximo mês.
Fatores como a proposta do governo dos Estados Unidos, que sugere a criação de uma reserva de Bitcoin a partir de criptomoedas confiscadas, também são citados como reforços a esta narrativa. Matheus Medeiros, CEO da Futokens, afirma que se o Federal Reserve adotar reservas em Bitcoin, isso representaria uma mudança significativa e encorajaria outros players do mercado.
Desafios para o Bitcoin
Embora o Deutsche Bank reconheça as semelhanças entre o Bitcoin e o ouro, ainda existem questões que impedem que o ativo digital se consolide como uma reserva de valor. A volatilidade e a falta de confiança são os principais obstáculos. No entanto, o banco observa que o próprio ouro, em seus primórdios, também era altamente sensível a flutuações de preço, mas essa volatilidade diminuiu com o tempo.
Apesar de alguns indícios de que o Bitcoin poderia se inserir na competição por ativos de reserva, a instituição financeira considera improvável que o BTC ou o ouro substituam o dólar como a principal moeda de reserva ou meio de pagamento global. O Deutsche Bank lembra que, nas décadas de 1930 e 1970, os EUA tomaram medidas eficazes para diminuir a dependência do ouro, reconhecendo as ameaças que este representava para o dólar americano. Atualmente, acredita-se que os países continuarão a garantir que o Bitcoin e outras criptomoedas não comprometam a soberania das suas moedas.