Na semana passada, a personagem Odete Roitman, conhecida como vilã da telenovela “Vale Tudo”, da TV Globo, foi assassinada em um tiroteio no Copacabana Palace. A trama original foi exibida nos anos 1980 e atualmente está sendo regravada, o que traz à tona a expectativa do público em relação ao desfecho do enredo. A morte da personagem gerou grande repercussão e algumas pessoas até levantaram a hipótese de que o crime poderia ter sido forjado.
O mistério sobre o(a) assassino(a) de Odete Roitman será revelado nesta sexta-feira, mas enquanto isso, vale a pena refletir sobre o significado dessa morte dentro da narrativa e o que ela representa em termos de justiça. Em uma entrevista recente, a atriz Debora Bloch, que interpreta Odete, afirmou que sua morte servirá como uma forma de catarse na história. Essa afirmação sugere que o desfecho provocará uma forte reação emocional nos telespectadores, alimentando o imaginário popular até o fim do último episódio.
O interesse do público pela punição de Odete Roitman também foi explorado em uma pesquisa do Datafolha, que questionou os telespectadores sobre o que desejariam como castigo para a personagem em uma versão futura da novela. Os resultados mostraram que apenas 4% dos entrevistados queriam a morte dela, um número bem menor do que os 38% que desejavam o mesmo em 1988, quando a versão original foi transmitida. A maioria, 35%, preferiria vê-la presa, enquanto 47% responderam que queriam que ela ficasse pobre.
Esses dados levantam questões importantes sobre a relação entre a justiça e as expectativas do público em relação a crimes e suas punições. A pesquisa indica que a sociedade pode estar buscando abordagens mais diversificadas para a resolução de conflitos e a responsabilização das pessoas que cometem delitos. A pena, em seus diversos formatos, tem a função de transmitir mensagens sobre o que é aceitável, mas é necessário considerar que nem sempre a prisão ou a morte são as soluções desejadas.
Às vezes, o Estado tende a “sequestrar” a discussão sobre justiça, optando por respostas automáticas como a prisão, enquanto outras alternativas que poderiam restaurar relações e solucionar conflitos são deixadas de lado. A sociedade pode estar mais interessada em formas de reparação e reconciliação do que em sanções puramente punitivas.
Embora a justiça não deva se guiar exclusivamente pelas opiniões do público, que podem ser volúveis e apressadas, a discussão sobre como se dá a punição é fundamental. A proteção da dignidade humana deve sempre ser o princípio orientador nesse processo.