Recentemente, durante um jantar, um amigo mencionou algumas mulheres que ele considerava “sem filtro”. Esse comentário provocou em mim uma reflexão que me acompanhou por dias. No dia seguinte, acordei ansiosa, com dificuldade de identificar se a minha apreensão era relacionada à estreia da minha peça ou à mudança do Diniz para o Vasco, um time que não é o meu.
Naquele momento de calmaria à noite, após assistir a uma série e me permitir um tempo para pensar, percebi que a fala do meu amigo havia me incomodado mais do que eu imaginava. Ao invés de ficar chateada, decidi entrar em contato com ele para discutir o que havia me incomodado.
Conversei com Marcos e perguntei o que ele realmente quis dizer com “sem filtro”. Ele respondeu que considerava esse comportamento uma qualidade, pois admira as pessoas que se expressam livremente. Eu então questionei que, na verdade, eu mesma não compartilho nem metade das experiências que vivi. Pedi a ele um exemplo de alguém que se expressa dessa forma.
Então, mencionei a série “Silenciadas”, que retrata mulheres que enfrentaram assédio e preconceito, mas que muitas vezes foram silenciadas, mesmo com evidências do que sofreram. Compartilhei que, embora eu seja vista como uma pessoa corajosa e sem medo de falar, tenho diversas histórias que nunca contei. Isso me levou a refletir sobre outras mulheres que, por serem mais reservadas, podem ter ainda mais experiências não compartilhadas.
Meu amigo ficou surpreso com a minha perspectiva, e eu também me dei conta de que não havia pensado sobre isso antes. Nossa conversa foi enriquecedora, e ao final, nós nos desligamos diferentes, mostrando que essas trocas são importantes e reveladoras.