“Casa de Dinamite”, o novo filme da diretora Kathryn Bigelow, estreou na Netflix no dia 24 de outubro de 2025 e se tornou rapidamente um dos mais assistidos da plataforma. Bigelow, conhecida por seu trabalho premiado, incluindo o Oscar de Melhor Direção por “Guerra ao Terror”, propõe mais uma narrativa intensa, desta vez centrada em uma ameaça nuclear.
Neste longa-metragem, a trama se desenrola em torno de um esquadrão antibombas do exército dos Estados Unidos que recebe a informação de que um míssil nuclear disparado por um país inimigo pode atingir a região metropolitana de Chicago, causando a morte de 10 milhões de pessoas e desencadeando uma possível Terceira Guerra Mundial.
Enquanto o filme evoca várias produções sobre o tema nuclear, como “Dr. Fantástico” e “O Dia Seguinte”, a abordagem de “Casa de Dinamite” é diferente. O roteiro, escrito por Noah Oppenheim, premiado por seu trabalho em “Jackie”, é estruturado em três atos, todos ocorrendo em um mesmo dia. O enredo começa em um ambiente rotineiro e se transforma em um pesadelo quando é revelado que o míssil deve atingir seu alvo em apenas 19 minutos.
Esse tempo limitado coloca o governo e os militares dos EUA em uma corrida contra o relógio para descobrir a origem do ataque e decidir a resposta apropriada. A pressão do tempo é um elemento central da história, sublinhando a urgência da situação.
No filme, acompanhamos personagens como a capitã Olivia Walker, interpretada por Rebecca Ferguson, que trabalha na Sala de Crise, e o major Daniel Gonzalez, vivido por Anthony Ramos, que atua em um centro de defesa contra mísseis. Os dois primeiros atos focam na perspectiva destes personagens enquanto os dois seguintes ampliam a visão, apresentando outras figuras envolvidas na crise, como o secretário de Defesa e o próprio presidente dos EUA, retratado por Idris Elba.
A montagem, realizada pelo experiente Kirk Baxter, cria um ambiente tenso e envolvente, ao passo que a trilha sonora de Volker Bertelmann contribui para intensificar os momentos de suspense. A mudança de perspectiva a cada ato ajuda a manter o público preso à narrativa, desenrolando as complexidades do cenário político e militar em jogo.
No entanto, a estrutura do filme também apresenta desafios. A diversidade de personagens e suas histórias particulares, como um pedido de casamento ou um vínculo familiar rompido, não são suficientemente exploradas. Isso pode levar a uma sensação de desconexão e de apressado, o que pode ter funcionado melhor em um formato de minissérie, onde poderia haver mais tempo para desenvolver os dramas individuais.
Apesar das limitações na profundidade emocional, algumas atuações se destacam, especialmente as de Ferguson e Elba. Em cenas finais, Elba reflete sobre o peso do militarismo e da possibilidade de uma única pessoa ter a capacidade de iniciar uma guerra devastadora.
“Casa de Dinamite” traz à tona questões atuais sobre segurança global e a ameaça nuclear, apresentando uma narrativa que, embora com algumas falhas, continua a instigar o espectador a refletir sobre o poder e suas consequências.

