A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou quase por unanimidade um projeto de lei que exige a liberação dos arquivos relacionados ao caso do bilionário Jeffrey Epstein. Essa decisão reflete um momento de fragilidade na influência do ex-presidente Donald Trump sobre os membros do Partido Republicano. Especialistas indicam que existe uma divisão crescente entre os parlamentares republicanos, que estão se sentindo mais à vontade para criticar o presidente, mesmo que isso seja feito com cautela. Apesar disso, Trump ainda utiliza sua capacidade de ataque político para tentar garantir a lealdade de seus aliados.
Recentemente, a deputada republicana Lauren Boebert, do Colorado, tomou uma posição contrária à orientação do governo e decidiu apoiar a divulgação dos documentos do caso Epstein. Esta postura a levou a ser chamada à Casa Branca, onde tentou ser persuadida a mudar de opinião pelo diretor do FBI e pela procuradora-geral. No entanto, a reunião não teve o efeito desejado pelas autoridades, que a consideraram improdutiva.
Boebert não foi a única a se opor a Trump. A deputada Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, também desafiou o ex-presidente ao apoiar a divulgação dos documentos, o que a levou a sofrer uma série de ataques públicos de Trump. Ele inclusive declarou que apoiadores em seu distrito na Geórgia estão pensando em lançar candidaturas contrárias a Greene nas próximas primárias.
Os documentos que envolvem Epstein, que se suicidou na prisão em 2019 enquanto enfrentava acusações de tráfico sexual de menores, alimentam diversas teorias sobre possíveis encobrimentos envolvendo figuras de destaque da política americana, incluindo o próprio Trump. O processo legislativo em torno da liberação desses arquivos avançou após a aprovação de 218 assinaturas, permitindo que o projeto fosse encaminhado para votação.
Após meses de oposições, Trump se mostrou disposto a apoiar a publicação dos documentos, sinalizando uma mudança em sua posição. O próximo passo é a votação no Senado, onde a proposta será debatida.
Além do caso Epstein, a recente paralisação do governo dos EUA, que durou 43 dias, também destacou a dificuldade de Trump em manter o controle sobre sua base. Apesar dos parlamentares republicanos terem se unido durante a paralisação, o Senado, dominado por republicanos, rejeitou os pedidos de Trump para acabar com o filibuster, uma regra que dá voz ao partido minoritário e que requer 60 votos para a aprovação de muitas leis.
Trump teve desavenças com alguns senadores republicanos, como Lindsey Graham, sobre a questão do filibuster, expressando frustração em conversas privadas sobre a falta de apoio dos parlamentares a suas propostas.
Um outro revés para Trump foi observado na tentativa de mudar os mapas eleitorais em Indiana. Apesar de pressão e apoio direto do presidente, os legisladores do estado resistiram em seguir suas orientações, e o mesmo aconteceu no Kansas, mostrando a dificuldade de Trump em moldar a agenda política do partido em nível local.

