Uma equipe de cientistas e engenheiros do Sylvester Comprehensive Cancer Center, que faz parte da Universidade de Miami, desenvolveu uma nova abordagem minimamente invasiva para o tratamento do câncer de pâncreas. Esta técnica utiliza nanopartículas magnetoelétricas, conhecidas como MENPs. A inovação busca oferecer uma alternativa eficaz e menos prejudicial do que os métodos tradicionais de tratamento.
Essas nanopartículas têm a capacidade de se direcionar para tumores pancreáticos e, uma vez ativadas por um campo magnético, podem destruir as células cancerosas, ao mesmo tempo que proporcionam imagens em tempo real do processo. A pesquisa, que contou com a colaboração do Moffitt Cancer Center e da Cellular Nanomed, foi liderada pelo professor Sakhrat Khizroev, Ph.D., e pelo Dr. Ping Liang, Ph.D.
Os resultados do estudo, publicado na revista Advanced Science, mostraram que as MENPs podem ser guiadas por campos magnéticos dentro de um scanner de ressonância magnética (MRI). Ao serem ativadas, as nanopartículas criam campos elétricos localizados que diferenciam células saudáveis de células cancerosas, fazendo com que apenas as células malignas sejam destruídas por apoptose, um processo de morte celular programada.
O Dr. Khizroev destacou a importância do estudo, afirmando que ele representa um passo em direção a tratamentos que podem se conectar ao corpo humano de forma sem fio, promovendo cura em tempo real. A expectativa é que essa tecnologia abra um novo capítulo na medicina, permitindo que doenças antes consideradas intratáveis sejam combatidas com precisão.
Durante os experimentos, as ressonâncias magnéticas confirmaram que o tratamento reduz o tamanho dos tumores e proporciona sinais de imagem claros, mostrando que as MENPs podem ser eficazes como uma ferramenta de “teranóstica”, que combina diagnóstico e terapia em um único método. As nanopartículas operam sem a necessidade de medicamentos tradicionais, o que minimiza os efeitos colaterais e pode levar à sua aplicação em outras doenças difíceis de tratar.
O câncer de pâncreas, especificamente o adenocarcinoma ductal pancreático (PDAC), é um dos tipos mais mortais de câncer. Ele possui uma taxa de sobrevivência de menos de 10% em cinco anos e é projetado para se tornar a segunda principal causa de morte relacionada ao câncer nos Estados Unidos até 2030. Os tratamentos convencionais, como cirurgia, radioterapia e quimioterapia, frequentemente danificam os tecidos saudáveis, enquanto novas abordagens como a imunoterapia têm mostrado poucos resultados.
Um dos maiores desafios no tratamento do PDAC é manipular os campos elétricos que afetam o crescimento das células cancerosas, uma vez que o tecido humano conduz eletricidade, tornando essa tarefa bastante complexa. Embora a pesquisa atual tenha sido realizada em modelos pré-clínicos, a equipe acredita que suas descobertas abrem caminho para futuras trilhas clínicas e para uma nova era na medicina nanométrica.
A ideia de usar MENPs para controlar campos elétricos localmente de forma sem fio foi inicialmente proposta por Dr. Khizroev e Dr. Liang em 2011. Desde então, a teoria evoluiu por meio de parcerias de pesquisa internacional e avanços tecnológicos, chegando aos resultados positivos dessa pesquisa. Vários estudantes de doutorado da Universidade de Miami, como Max Shotbolt, Victoria Andre, Elric Zhang, Shawnus Chen, Mostafa Abdel-Mottaleb e Skye Conlan, também contribuíram significativamente para o desenvolvimento deste novo tratamento.

