O Diario de Pernambuco, o jornal mais antigo em circulação no Brasil, completou 200 anos de fundação nesta sexta-feira, dia 7 de outubro. A celebração ocorreu em Recife, onde o jornal nasceu e se estabeleceu como uma importante referência na comunicação.
Durante a cerimônia de homenagem, o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) abriu uma cápsula do tempo, fechada em 1925 pelo historiador e jornalista Narsson Figueiredo, que contém objetos significativos da história do veículo. Entre os itens desenterrados estavam um abridor de cartas, uma caneta e cópias antigas do jornal.
O Diario de Pernambuco foi fundado como um meio para veicular anúncios e informações à população. Sua primeira edição, publicada na tipografia de Antonino José de Miranda Falcão, tinha quatro páginas e informava sobre a necessidade de um diário que facilitasse transações e comunicasse notícias relevantes à sociedade da época.
O jornal passou por diversas mudanças e, após pertencer por anos aos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, solidificou sua posição como uma fonte de informação no Nordeste. Atualmente, está sob a direção do empresário Carlos Frederico Vital.
Um episódio curioso que foi relembrado durante os 200 anos de aniversário foi a lenda da “perna cabeluda”, que gerou manchetes em 1975. O repórter Raimundo Carrero escreveu sobre um morador de São Lourenço da Mata que alegava ter sido atacado por este ser, e a história viralizou, gerando relatos semelhantes em toda a Região Metropolitana do Recife.
Em 2022, o acervo físico do Diario de Pernambuco iniciou um processo de restauração e digitalização na Universidade Federal de Pernambuco. O professor Marcos Galindo informou que o trabalho avança, com a chegada de novos equipamentos que irão acelerar o processo de digitalização dos materiais, embora a restauração física seja mais demorada devido à deterioração dos livros.
Em janeiro deste ano, uma lei municipal concedeu ao Diario de Pernambuco o título de Patrimônio Imaterial Histórico e Cultural da cidade do Recife. Além disso, o acervo do jornal foi reconhecido como patrimônio cultural material do Brasil por uma lei sancionada pelo presidente Lula no ano passado.
Para comemorar os 200 anos, o jornal realizou uma festa no Teatro de Santa Isabel na última segunda-feira, 3 de outubro, com a presença de políticos e autoridades. No entanto, do lado de fora, alguns ex-funcionários protestaram contra atrasos no pagamento de rescisões, refletindo uma situação complicada em relação às demissões ocorridas nos últimos anos. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco e a Federação Nacional dos Jornalistas emitiram uma nota destacando que muitos profissionais demitidos ainda não receberam suas verbas rescisórias.
A equipe de reportagem tentou contatar a diretoria do jornal nesta sexta-feira, mas não obteve retorno.

