A mexicana Fatima Bosch foi coroada Miss Universo na sexta-feira, em um evento realizado na Tailândia, encerrando uma temporada repleta de polêmicas no concurso. A jovem de 25 anos, que competiu em meio a fortes disputas, havia se retirado de um evento anterior após ser alvo de críticas públicas de um dos organizadores, que chegou a ameaçar desqualificar outras participantes que a apoiassem.
Após essa situação, dois juízes deixaram o concurso, um deles alegando que a competição estava sendo manipulada pelos organizadores. A organização do Miss Universo, que foi fundada nos Estados Unidos e é uma das mais antigas competições de beleza do mundo, enfrenta desafios para se adaptar às diferenças culturais e estratégicas, especialmente entre seus atuais donos tailandeses e mexicanos.
No evento final, a tailandesa Praveenar Singh ficou em segundo lugar, enquanto Venezuela, Filipinas e Costa do Marfim completaram o top cinco. Este foi o quarto Miss Universo realizado na Tailândia, que tem um forte histórico de apoio a seus representantes.
A coroação de Fatima Bosch, a 74ª vencedora do evento desde 1952, reflete a determinação da organização em se reinventar e se tornar uma plataforma relevante na era das mídias sociais, buscando não apenas fãs tradicionais, mas também engajamento em redes como TikTok.
O concurso, na sua essência, está passando por uma transição de liderança. Recentemente, a tailandesa Anne Jakrajutatip, que liderou a competição após sua compra, deixou o cargo de CEO, sendo substituída pelo diplomata guatemalteco Mario Bucaro. Jakrajutatip promoveu mudanças significativas para aumentar a inclusão, permitindo a participação de mulheres trans, casadas e com filhos, além de não impor mais uma idade limite para as concorrentes.
Entre as controvérsias, destaca-se um incidente em que Fatima Bosch e outras participantes se uniram em apoio mútuo durante uma discussão com o organizador do evento. A situação despertou indignação, e a organização do concurso classificou o comportamento do organizador como “malicioso”, resultando na intervenção de um grupo de executivos internacionais que assumiram a condução do evento.
A resignação dos juízes foi uma adição ao clima de tensão; um deles afirmou em suas redes sociais que havia um “juri improvisado” que já havia selecionado finalistas antes do evento principal. Apesar das acusações, a organização do Miss Universo negou veementemente qualquer manipulação no processo de seleção.
Além das polêmicas, o evento também foi marcado por um incidente em que a concorrente da Jamaica foi levada ao hospital após uma queda no palco durante a prévia do desfile de vestidos de gala.
As mudanças na liderança e as divisões estratégicas entre os novos donos da marca refletem desafios significativos. De acordo com especialistas, a ausência de clareza sobre quem são os responsáveis pela organização e pela condução do concurso tem gerado confusão e pode prejudicar a reputação da marca.
Por fim, a competição tem enfrentado uma queda nas audiências, com muitos seguidores se voltando para plataformas de mídia social e influenciadores. Apesar das críticas e da objetificação das mulheres, muitos ex-participantes continuam a usar sua visibilidade em causas sociais e de empoderamento, defendendo que essa deve ser a essência do Miss Universo.

