Marlon Brando interpretou Jor-El, o pai do Superman, no filme “Superman”, lançado em 1978. No entanto, sua presença durante as filmagens foi marcada por dificuldades. O ator se mostrou desinteressado, não decorou suas falas e precisou ser convencido a sair de seu trailer com a promessa de comida para participar das gravações do longa, pelo qual recebeu uma quantia significativa.
O diretor Richard Donner foi fundamental para a realização de “Superman”, que se destacou como um dos primeiros grandes blockbusters, respeitando a história original. Ele fez inovações técnicas significativas, ajudando a concretizar o famoso slogan do filme: “Você vai acreditar que um homem pode voar”. Christopher Reeve, que interpretou o Superman, também teve um papel importante, tornando-se um ícone que ainda é lembrado mesmo com novas interpretações da história. Na época, Reeve era um ator relativamente novo, e Donner sabia da importância de ter uma estrela com experiência, por isso escolheu Brando para o papel de Jor-El.
Porém, Brando tinha uma reputação de ser difícil de trabalhar desde os anos 1950. Ele havia criado confusões em outros filmes, como “Apocalypse Now” e “A Ilha do Dr. Moreau”. Durante as filmagens de “Superman”, sua falta de compromisso se tornou evidente, transformando o processo em um pesadelo para a equipe.
Antes mesmo da escolha de Brando, já havia sinais de complicações. Em 2016, Richard Donner lembrou-se de uma reunião com o ator em sua casa. Brando fez uma oferta peculiar, sugerindo que poderia interpretar Jor-El como um “bagel” ou como uma “mala”, o que assustou a produção. O produtor Ilya Salkind ficou preocupado e chegou a pensar que o filme poderia não acontecer por conta da abordagem excêntrica do ator.
Felizmente, Donner convenceu Brando a adotar uma visão mais convencional, o que, embora tenha garantido uma performance memorável, também trouxe controvérsias. Apesar do pouco tempo em cena, menos de 20 minutos, Brando recebeu 3,7 milhões de dólares e ainda 11,75% dos lucros do filme. Além disso, ele incluiu em seu contrato a cláusula de que só trabalharia por 12 dias, o que fez com que ele se mostrasse muitas vezes desinteressado nas filmagens.
Cary Elwes, que na época tinha apenas 16 anos e atuava como assistente de produção, compartilhou que seu trabalho incluía “convencer Brando a sair do trailer”. Segundo ele, a única maneira de conseguir isso era oferecendo comida, especialmente sobremesas, que eram o que o ator realmente desejava. O tempo que Brando levava para chegar ao set deixava Donner bastante frustrado.
Brando também não fez questão de decorar suas falas, usando cartões de cue como uma forma de se guiar durante as atuações. Ele acreditava que, ao não memorizar completamente os diálogos, sua performance seria mais autêntica. Essa abordagem, porém, irritou Christopher Reeve, que esperava mais comprometimento de Brando devido à sua fama como um ícone do cinema. Reeve expressou sua frustração pela atitude do ator, dizendo que parecia que Brando não se importava com o papel que estava desempenhando.
Após o término das filmagens, Brando continuou a complicar a situação, processando a Warner Bros. e outras partes envolvidas por quebra de contrato, exigindo uma parte maior dos lucros gerados pelo filme. Em uma ação movida em dezembro de 1978, ele alegou que não estava recebendo adequadamente pelos direitos de sua imagem e performance. Embora seu pedido para interromper a exibição do filme tenha sido negado, Brando conseguiu um acordo de 15 milhões de dólares.
Apesar de todo o tumulto causado por sua participação, a inclusão de Brando no filme acrescentou uma dimensão importante à produção. O que poderia ter sido um desastre acabou se transformando em uma parte icônica da história do cinema.

