As ações da Oncoclínicas tiveram uma forte valorização de 18,97% na bolsa de valores nesta segunda-feira, cotadas a R$ 2,07. O movimento foi impulsionado por um volume financeiro de R$ 22,7 milhões, um valor mais de três vezes superior ao registrado na sexta-feira anterior. Apesar deste desempenho positivo, os analistas de mercado mostraram uma reação cautelosa em relação aos resultados financeiros referentes ao terceiro trimestre.
Durante o período, a empresa alcançou um fluxo de caixa operacional de R$ 246 milhões e um caixa livre de R$ 62,4 milhões. Essa melhora decorreu de um aumento de 24% no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado. No entanto, a Oncoclínicas também reportou uma baixa contábil significativa de R$ 1,8 bilhão, que engloba diferentes itens que impactaram suas finanças. Entre esses, destacam-se R$ 466,2 milhões provenientes da venda de três hospitais, R$ 183,2 milhões referentes ao cancelamento das obras de centros de tratamento em Belo Horizonte e São Paulo, além da provisão total referente à dívida de R$ 864,9 milhões com a Unimed Ferj e R$ 210 milhões em CDBs do Banco Master.
Essa baixa contábil representa 40% do valor aplicado na instituição financeira, que se tornou acionista da Oncoclínicas após um aumento de capital de R$ 1 bilhão no ano passado. Cristiano Camargo, diretor financeiro da Oncoclínicas, afirmou que não há mais ajustes significativos a serem feitos nas contas da companhia.
A Oncoclínicas espera um crescimento de 10% a 12% nos próximos trimestres e destacou que não serão necessários novos investimentos, pois a empresa possui estrutura para atender à demanda. O prazo médio de recebimento deve permanecer em 86 dias, o mesmo patamar do terceiro trimestre. A companhia acredita que as vendas dos três hospitais ajudarão a melhorar a provisão para devedores duvidosos, que afetava o Ebitda em R$ 26 milhões.
Na sexta-feira, a Oncoclínicas finalizou um aumento de capital que levantou R$ 1,4 bilhão, com a maior parte proveniente de dívidas de curto e médio prazos, o que deverá aliviar a situação financeira nos anos de 2025 a 2027. Com essa operação, a alavancagem da empresa foi reduzida de 4,3 vezes para 2,9 vezes em relação ao Ebitda. A empresa também deve ver sua dívida cair com a venda do Hospital Vila da Serra, negociada por R$ 130 milhões, além da geração de caixa.
Apesar das informações apresentadas, alguns analistas do mercado ainda consideraram os resultados fracos. O banco Citi destacou que o Ebitda de R$ 202 milhões ficou 5% abaixo do que eles esperavam, embora o número ajustado tenha superado a expectativa em 9%. O Bradesco BBI observou que a Oncoclínicas apresentou uma melhoria operacional, mas ressaltou que os resultados foram ofuscados por ajustes contábeis significativos. Da mesma forma, o BTG considerou os resultados fracos, influenciados por ajustes não recorrentes e a necessidade de desinvestimentos.

