O escritor Ruy Castro, conhecido por suas colunas e obras, conquistou mais um prêmio Jabuti por seu livro “O Ouvidor do Brasil: 99 Vezes Tom Jobim”. Esta coletânea reúne textos sobre o famoso músico e foi baseada em artigos que ele publicou anteriormente. Além de levar o prêmio na categoria de crônica, Ruy também foi reconhecido como o autor do livro do ano.
Em sua fala durante a cerimônia de premiação, realizada na última segunda-feira, Ruy agradeceu a todos os leitores que o acompanharam ao longo de 35 anos, ressaltando sua intenção de continuar contando histórias sobre o Rio de Janeiro. Ele destacou que se vê como alguém que faz perguntas e anota, ao invés de se considerar um escritor no sentido tradicional. Ruy já havia sido premiado anteriormente, em 2021, pelo seu romance “Os Perigos do Imperador”.
O prêmio de melhor romancista do ano foi para Tony Bellotto, conhecido por seu trabalho como guitarrista da banda Titãs e também como escritor. Ele venceu a concorrência de outros autores renomados, incluindo Chico Buarque e Marcelino Freire, com seu livro “Vento em Setembro”. A presença de sua esposa, a atriz Malu Mader, que registrava o momento com seu celular, trouxe alegria ao ambiente.
Na categoria de romance de entretenimento, o vencedor foi o livro “As Fronteiras de Oline”, de Rafael Zoehler, publicado pela editora independente Patuá. Zoehler conseguiu superar obras de autores populares, como Raphael Montes, que estava na disputa com “Uma Família Feliz”.
A psicanalista Vera Iaconelli também foi homenageada, recebendo o prêmio na categoria de saúde e bem-estar por seu livro “Felicidade Ordinária”, uma coletânea de textos que já haviam sido publicados na mídia. O professor Adilson José Moreira, que leciona em Berkeley, conquistou o prêmio na categoria de educação com o livro “Letramento Racial”, publicado pela editora Contracorrente.
O prêmio póstumo na categoria de poesia foi concedido a Armando Freitas Filho por sua obra “Respiro”, lançada após sua morte em setembro do ano anterior, aos 84 anos. Sua família e a editora Alice Sant’Anna receberam o troféu em sua homenagem.
Daniel Munduruku, um destacado escritor indígena, ganhou o prêmio de melhor livro infantil com “Estações”. Sua coautora, Marilda Castanha, não pôde comparecer e foi representada por Nelson Cruz, que também foi premiado na ocasião. Nelson foi reconhecido como o melhor ilustrador desta edição, tendo uma carreira já consolidada, com prêmios anteriores nas mesmas categorias.
O livro juvenil vencedor foi “O Silêncio de Kazuki”, de André Kondo, enquanto na categoria de histórias em quadrinhos, o prêmio foi para “Mais uma História para o Velho Smith”, de Orlandeli. No campo dos contos, “Dores em Salva”, de Elimário Cardozo, também ganhou, tornando a Patuá a segunda editora mais premiada da noite, com diversas conquistas.
O prêmio de artes foi para Kiko Farkas e seus colaboradores pelo livro em homenagem ao fotógrafo Thomaz Farkas, publicado pelo Instituto Moreira Salles. A jornalista Daniela Arbex foi reconhecida pelo seu trabalho “Longe do Ninho”, um livro-reportagem que investiga a tragédia que vitimou meninos no centro de treinamento do Flamengo em 2019.
Na categoria de melhor livro de negócios, Miguel Krigsner, fundador do grupo Boticário, ganhou com “A Essência de Empreender”. Pedro Tourinho, especialista em comunicação, foi premiado em economia criativa por “Ensaio sobre o Cancelamento”.
O projeto Abrapalavra, que promove ações de leitura e formação de leitores em Minas Gerais, foi premiado no fomento à leitura. O melhor livro publicado no exterior foi “Braba”, uma antologia de quadrinhos.
Luis Osete chamou a atenção como o melhor poeta estreante com “Maracujá Interrompida”, enquanto “Sangue Neon”, de Marcelo Henrique Silva, se destacou como o melhor romance de autor estreante. O prêmio de tradução foi dado a André Vallias pela sua edição de poemas e diários de Lord Byron.
O evento também abordou a questão de representatividade, com predominância masculina entre os finalistas de algumas categorias. A escritora Ana Maria Machado foi homenageada por sua extensa carreira e por sua contribuição à literatura infantil, sendo um dos momentos mais emocionantes da noite.
A cerimônia do Prêmio Jabuti 2025 ocorreu no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, destacando a cidade como a Capital Mundial do Livro pela Unesco, com apresentação dos atores Marisa Orth e Silvio Guindane. O Jabuti, considerado o principal prêmio da literatura brasileira, oferece recompensas financeiras e reconhecimento aos vencedores em diversas categorias.

