O mercado de trabalho brasileiro apresentou um crescimento significativo em 2024, acompanhado pela continuidade de programas de transferência de renda, resultando em uma redução histórica da pobreza e da miséria no país. Segundo dados da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados no dia 3 de outubro, 8,6 milhões de brasileiros deixaram a pobreza e 1,9 milhão saíram da condição de miséria no último ano.
Em 2024, aproximadamente 48,9 milhões de pessoas viviam abaixo da linha de pobreza, o que corresponde a 23,1% da população, sobrevivendo com cerca de R$ 23,13 por dia. Em comparação, em 2023, 27,3% da população, totalizando 57,6 milhões, estava nessa situação. No que diz respeito à miséria, o número de brasileiros em condição extrema caiu para 7,4 milhões (3,5% da população), enquanto em 2023 eram 9,3 milhões (4,4%).
Esses dados refletem os níveis mais baixos de pobreza e miséria desde o início da série histórica da pesquisa, que começou em 2012 com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Define-se a pobreza extrema segundo os critérios dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecendo uma renda familiar per capita inferior a US$ 2,15 por dia, equivalente a um rendimento mensal de aproximadamente R$ 218 em 2024. Já a linha de pobreza é caracterizada por uma renda de US$ 6,85 por dia, ou R$ 694 mensais.
O IBGE ressaltou que o dinamismo do mercado de trabalho foi um fator crucial na queda da pobreza, enquanto os benefícios sociais tiveram papel preponderante na diminuição da extrema pobreza. Caso os programas sociais não existissem, a pobreza extrema teria alcançado 10% da população em 2024, representando uma melhora significativa, mas ainda inferior a 2023.
Além disso, o índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, atingiu sua mínima histórica em 0,504 em 2024, descendo de 0,517 em 2023. Essa diminuição é atribuída, em grande parte, aos benefícios de programas sociais. Excluindo a renda dessas transferências, o índice de Gini teria registrado 0,542 em 2024.
O rendimento médio domiciliar per capita mensal aumentou 4,9%, somando R$ 2.017, o maior desde o início da série histórica. As maiores elevações foram observadas entre os 10% mais pobres, com um aumento de 13,2%. Entre os 10% mais ricos, o crescimento foi de 1,6%, totalizando R$ 7.983.
No entanto, a região Nordeste continua a concentrar a maioria das pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza. Embora essa região represente 26,9% da população nacional, abriga 50,3% dos miseráveis e 45,8% dos pobres. Em contraposição, a região Sudeste, com 41,8% da população, conta com 28,2% dos extremamente pobres.
Em áreas rurais, a situação é ainda mais desafiadora, com 7,2% da população considerada extremamente pobre, enquanto nas urbanas essa taxa é de 3,0%. A pobreza rural também se destaca, atingindo 43,0% dos lares, em comparação a 20,4% nas áreas urbanas.

