SÃO PAULO, 9 de dezembro (Reuters) – A recente valorização do dólar em relação ao real, impulsionada pela pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL) à Presidência em 2026, deverá ter um impacto limitado na decisão sobre as taxas de juros do Banco Central em janeiro. Essa análise foi feita pelo economista-chefe do Citi Brasil, Leonardo Porto, em uma coletiva de imprensa em São Paulo.
Nesta terça-feira, a moeda americana estava cotada em torno de R$5,47, enquanto na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o valor considerado foi de R$5,40. Porto esclareceu que o Banco Central não tomará como referência a cotação atual, mas sim a média dos últimos dez dias, o que o levará a utilizar um valor próximo de R$5,40. “Portanto, o impacto será zero”, concluiu.
Para o economista, a análise do comunicado que o Copom divulgará esta semana será o principal fator que influenciará as expectativas para a decisão de janeiro. A maioria do mercado espera que a taxa Selic permaneça em 15% ao ano na reunião de quarta-feira. Entretanto, as instituições financeiras estarão atentas às informações sobre o futuro direcionamento da política monetária.
O Citi antecipa uma redução de 25 pontos-base na Selic em janeiro, embora Porto ressalte que essa previsão está condicionada ao conteúdo do comunicado que será emitido na próxima reunião.
“Com base na minha leitura do comunicado de novembro, percebo restrições para um corte de juros na reunião de janeiro, a menos que o cenário econômico mude”, afirmou Porto. Ele ressaltou a expectativa de que a comunicação do Banco Central também evolua, indicando um possível corte na Selic.
A reação do mercado após a indicação de Flávio Bolsonaro como candidato à Presidência tem sido negativa, especialmente com a percepção de que isso poderia comprometer a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que é considerado mais forte na disputa contra o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esse cenário elevou a cotação do dólar e impulsionou as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs).
Porto destacou que, embora o Banco Central não intervenha diretamente em questões políticas, ele monitora como essas políticas afetam a economia. A decisão sobre a Selic em janeiro será influenciada por um conjunto mais amplo de fatores, além da taxa de câmbio, incluindo a reconfiguração das expectativas de inflação, o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) e a desaceleração do mercado de trabalho.

