O Natal enfrenta dificuldades para manter seus altos níveis de vendas em dezembro, principalmente devido à crescente influência da Black Friday em novembro. Um estudo realizado pelo Instituto de Economia da Mastercard revela que essa tendência tem se acentuado ao longo dos últimos 15 anos, alterando o padrão de sazonalidade do varejo.
Embora Novembro ainda não tenha superado Dezembro em termos de desvio da média anual, os dois meses apresentaram trajetórias distintas. O estudo utilizou o índice de sazonalidade para avaliar o desempenho dos meses em relação à média anual, com valores superiores a 1 indicando resultados acima do esperado e números inferiores a 1 sinalizando resultados mais fracos.
Desde 2009, ano anterior à introdução da Black Friday no Brasil, o índice de sazonalidade de novembro aumentou de 0,98 para 1,07 até 2024, apresentando um crescimento contínuo, exceto por uma queda entre 2020 e 2021, atribuída à pandemia de Covid-19. Por sua vez, dezembro viu uma redução no índice, que caiu de 1,32 para 1,19 no mesmo período. Esta análise baseia-se em dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Mastercard SpendingPulse.
Os autores da pesquisa, Gustavo Arruda e Raphael Rodrigues, afirmam que a Black Friday tornou-se uma força significativa no comércio varejista brasileiro, levando a uma diminuição relativa das vendas de Natal e alterando o comportamento do consumidor.
Outro aspecto identificado no estudo foi a extensão da Black Friday, que agora abrange mais do que um único dia. No setor de eletrônicos, as vendas alcançaram picos mais baixos nos últimos três anos quando comparadas aos anos anteriores, considerando o período de 20 dias antes e 5 dias após o evento. No entanto, o total de vendas durante o período mais longo analisado tem apresentado crescimento ao longo do tempo, com o ano de 2020 como uma exceção, devido ao impacto da pandemia. Entre 2021 e 2024, as vendas de eletrônicos no Brasil aumentaram de R$ 9 bilhões para R$ 10,2 bilhões.
No segmento de supermercados, as vendas mostraram uma maior estabilidade ao longo do mês, com um crescimento acentuado observado de 82% entre 2018 e 2024.

