(Bloomberg) — O ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, anunciou em reunião com investidores em Nova York que o país planeja implementar um programa de recompra de títulos soberanos e iniciar a acumulação de reservas internacionais, mesmo enquanto a moeda nacional, o peso, opera dentro de uma faixa estabelecida. As informações foram compartilhadas por fontes próximas à discussão, que preferiram permanecer anônimas.
Durante o encontro, que contou com a participação de cerca de 40 investidores e foi organizado pelo JPMorgan, Caputo esclareceu que o presidente Javier Milei não tem intenção de liberar a flutuação do peso, decidindo mantê-lo dentro dos limites pré-definidos. No entanto, ele mencionou a possibilidade de acelerar o ajuste da faixa de negociação para 1,5% ao mês, caso a inflação e a demanda pelo peso assim o justifiquem. Atualmente, os limites da faixa são ajustados em 1% ao mês, permitindo uma desvalorização gradual da moeda.
Caputo planeja divulgar um cronograma detalhado das estratégias, que incluirá planos de acumulação de reservas e recompra da dívida, num prazo de 30 dias. O tema da educação também pode ser abordado, com a criação de títulos de dívida direcionados a essa área.
As assessorias de imprensa do JPMorgan e do Ministério da Economia da Argentina não se manifestaram após o evento. Desde que o partido de Milei obteve vitória nas eleições de meio de mandato há duas semanas, analistas e investidores têm sugerido que este é um momento crucial para que o presidente ajuste sua estratégia política. A Pacific Investment Management Co. pediu que Milei considere a liberdade cambial para o peso.
Acumulação de Reservas
Embora o governo argentino tenha negado a intenção de alterar o regime cambial, Caputo sinalizou que o governo poderá adquirir dólares enquanto o peso estiver dentro da faixa de negociação e a liquidez do mercado permanecer elevada. A data de início dessas compras ainda não foi especificada, mas espera-se que a moeda local se valorize com o aumento da demanda pelo peso.
Desde a assinatura de um acordo de US$ 20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional em abril, o Banco Central da Argentina tem enfrentado dificuldades para aumentar suas reservas internacionais conforme o planejado. A instituição se viu obrigada a vender dólares para sustentar o peso em meio à volatilidade presente no cenário pré-eleitoral.
Recompras de Títulos
O governo argentino também tem a intenção de recomprar títulos globais com vencimento em 2029 e 2030, utilizando fontes de financiamento mais acessíveis, conforme mencionado por Caputo durante a reunião. O ministro disse ainda que autoridades argentinas assinaram um acordo de confidencialidade com os Estados Unidos, o que restringe a divulgação de detalhes específicos sobre essas transações.
No mesmo dia, Caputo e Milei participaram de um evento fechado promovido pela Americas Society/Council of the Americas.

