Chicago (Reuters) – Na segunda-feira, 17 de outubro, a China adquiriu pelo menos 14 carregamentos de soja dos Estados Unidos, conforme informações de traders da região. Esta operação marca a maior compra de soja por parte da China desde janeiro e a mais significativa desde a cúpula entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente chinês, Xi Jinping, em outubro passado.
A medida está alinhada com as promessas que a China fez a Washington durante a cúpula comercial em Busan, Coreia do Sul. Apesar dos preços superiores em comparação às ofertas do Brasil, a compra reflete um comprometimento da China com os acordos estabelecidos. “Essa rodada de compras não é apenas um gesto simbólico, mas uma clara demonstração do compromisso da China com os termos acordados em Busan”, afirmou um trader de Cingapura.
A estatal chinesa Cofco adquiriu pelo menos 840.000 toneladas para embarques programados entre dezembro e janeiro, conforme informado por traders à Reuters. Dos cargamentos, oito serão embarcados nos terminais da Costa do Golfo dos EUA e os demais nos portos do Noroeste do Pacífico. Um trader estimou que cerca de 75% das vendas estão direcionadas para o Golfo, enquanto o restante é para os portos da Costa Oeste.
Essas vendas podem aumentar, pois ainda há possibilidades de novos negócios, segundo os traders. A Cofco não se manifestou oficialmente sobre a questão.
A Casa Branca relatou que a China concordou em comprar 12 milhões de toneladas de soja dos EUA neste ano, mas, até agora, poucas vendas foram concretizadas. No ano anterior, a China importou quase 27 milhões de toneladas de soja americana, de acordo com dados do governo dos EUA.
Preços Acima do Mercado
Os traders na Ásia estimam que a Cofco pagou entre US$ 2,35 e US$ 2,40 por bushel acima do contrato de janeiro na Bolsa de Chicago para embarques do Golfo. Para os portos do Noroeste do Pacífico, o preço foi de US$ 2,15 a US$ 2,20 por bushel, valores significativamente mais altos que os preços da soja brasileira, que giram em torno de US$ 1,25 acima dos futuros na Bolsa de Chicago.
“Isso reflete um movimento político, pois os preços pagos pela Cofco são consideravelmente mais altos do que os do Brasil”, comentou um trader de uma empresa de processamento de soja na China. “As empresas chinesas estão realizando essas compras como forma de honrar os compromissos com os EUA.”
Trump comentou que as vendas continuariam se concretizando até a primavera de 2024. Jim Sutter, CEO do Conselho de Exportação de Soja dos EUA, expressou otimismo, afirmando que o trabalho de negociação está se traduzindo em oportunidades para os produtores americanos e que espera a continuidade dos negócios à medida que as rotas comerciais são restabelecidas.
Até este ano, a China havia evitado amplamente a soja dos EUA devido a tensões comerciais, optando por suprir sua demanda com exportações do Brasil e Argentina. A falta de compras da China levou os preços da soja nos EUA a níveis baixos históricos durante o verão, exacerbando os desafios enfrentados pela agricultura local, que já lidava com altas nos custos de insumos.
Apesar das dificuldades, agricultores e grupos comerciais têm explorado novas oportunidades de mercado para a soja americana. Na Bolsa de Chicago, os futuros da soja subiram quase 3% nesta segunda-feira, alcançando a maior alta em 17 meses, impulsionados pelo otimismo em relação ao comércio com a China. Além disso, os prêmios para soja destinada aos terminais do Golfo e do Noroeste do Pacífico aumentaram em cerca de 10 centavos de dólar por bushel, segundo traders.

