PEQUIM (Reuters) – A economia da China registrou, no terceiro trimestre, a sua taxa de crescimento mais baixa em um ano, com uma expansão de apenas 4,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse resultado, embora esteja alinhado com as expectativas do mercado e mantenha o país no caminho para alcançar a meta de aproximadamente 5% de crescimento em 2023, revela uma preocupação crescente com a fragilidade da demanda interna e a dependência em relação às exportações.
A diminuição da demanda doméstica está colocando a economia chinesa em uma posição vulnerável, especialmente em um cenário de tensão comercial com os Estados Unidos. Essa situação questiona a viabilidade de manter o crescimento num contexto externo instável.
Os próximos encontros diplomáticos entre a China e os EUA, envolvendo o vice-primeiro-ministro He Lifeng e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, na Malásia, além da aguardada reunião entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping na Coreia do Sul, poderão influenciar essas dinâmicas econômicas.
Na prática, a situação já afeta diretamente o setor industrial. Jeremy Fang, diretor de vendas de uma fabricante de produtos de alumínio, relatou uma queda de 20% na receita, já que, apesar do crescimento nas vendas para mercados latino-americanos, africanos e do Oriente Médio, a queda nos pedidos dos EUA alcança impressionantes 80% a 90%.
Para se adaptar, Fang está aprendendo espanhol e aumentando suas viagens ao exterior, mas ressalta que a concorrência exige cortes drásticos de preços. “É preciso ser implacavelmente competitivo em termos de preço”, enfatizou, destacando a necessidade de benefícios rápidos para conquistar clientes.
A crescente competição entre os exportadores chineses não apenas intensifica a luta por participação de mercado, mas também agrava problemas internos, levando empresas a reduzir salários e demitir funcionários. Apesar do aumento de 6,5% na produção industrial em setembro, superando previsões e alcançando máximas de três anos, as vendas no varejo caíram para 3,0%, a menor taxa em uma década.
Os dados imobiliários também são preocupantes: em setembro, os preços das casas novas caíram na maior taxa em 11 meses, e o investimento no setor imobiliário foi 13,9% menor nos três primeiros trimestres deste ano em comparação com o anterior.
Segundo Julian Evans-Pritchard, analista da Capital Economics, “o crescimento da China está se tornando cada vez mais dependente das exportações, o que pode não ser sustentável. Sem uma ação mais eficaz das autoridades para estimular o consumo, o risco de desaceleração econômica média aumenta.”