Em reunião com clientes institucionais da XP, especialistas debateram as perspectivas da política monetária brasileira, com ênfase na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) agendada para dezembro de 2025. O consenso entre economistas da XP e da Santander Asset Management é de que a taxa Selic deverá permanecer em 15% ao ano até o final deste ano.
Eduardo Jarra e Luciano Rais, da Santander Asset, e Rodolfo Margato, da XP, afirmaram que o Copom tende a manter uma postura cautelosa. Apesar dos sinais de desaceleração da inflação, o Banco Central tem enfatizado desde junho que os níveis elevados da taxa devem persistir por um “período bastante prolongado”, optingado por uma estratégia de “esperar para ver” os dados econômicos antes de realizar ajustes.
O cenário econômico atual é avaliado como positivo, com a inflação sob controle e uma desaceleração na atividade econômica. Contudo, a iminência de um ciclo de cortes nas taxas de juros ainda provoca debates entre especialistas. A expectativa é de que o primeiro corte ocorra em março de 2026, com redução prevista de 0,50 ponto percentual, embora a possibilidade de flexibilização já em janeiro ainda esteja em discussão.
A XP adverte sobre a necessidade de cautela, destacando que a inflação continua acima da meta, o mercado de trabalho permanece aquecido e a proximidade do período eleitoral pode trazer estímulos fiscais. A saída de membros mais conservadores do Banco Central gera uma camada adicional de incerteza no processo decisório.
O ambiente político pós-eleições de 2026 será fundamental na definição da extensão do ciclo de cortes de juros, que pode variar entre 2,00 e 3,00 pontos percentuais, segundo Luciano Rais. Além disso, a volatilidade do câmbio é um risco relevante, já que os juros elevados atuam como uma proteção contra choques externos e cortes precoces poderiam comprometer essa defesa.
Além disso, as decisões do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, em relação a cortes de juros terão impacto significativo nas decisões do Copom. Por fim, o aumento do valuation das empresas voltadas para inteligência artificial e a expansão do mercado de crédito nesse setor também se delineiam como desafios futuros no cenário financeiro brasileiro.
A análise da XP sugere um ciclo de afrouxamento caracterizado por seis cortes consecutivos de 0,5 ponto percentual, iniciando em março de 2026, até que a Selic atinja 12% ao ano.

