As contas externas do Brasil registraram um déficit de US$ 5,1 bilhões em outubro, conforme informações divulgadas pelo Banco Central nesta terça-feira (25). Esse valor é inferior ao déficit de US$ 7,4 bilhões registrado no mesmo mês de 2024, sendo parcialmente compensado pelo desempenho positivo da balança comercial.
No acumulado de 12 meses, o déficit em transações correntes alcançou US$ 76,7 bilhões, correspondendo a 3,48% do PIB, uma leve queda em relação a setembro, que foi de 3,61%. A balança comercial, que reúne as exportações e importações de bens, teve um saldo superavitário de US$ 6,2 bilhões, quase o dobro do superávit de US$ 3,2 bilhões em outubro de 2024.
As exportações somaram US$ 32,1 bilhões, apresentando um aumento de 8,9% em relação ao ano anterior, enquanto as importações totalizaram US$ 25,9 bilhões, uma redução de 1,3%. Esse crescimento nas vendas externas e a diminuição nas compras de produtos importados foram fatores-chave para moderar o déficit nas contas externas.
Déficit na Conta de Serviços
A conta de serviços, por sua vez, manteve um déficit de US$ 4,4 bilhões, igual ao nível do ano passado. Embora alguns itens, como o setor de transporte, tenham mostrado melhora com uma redução de 18,5% no déficit — para US$ 1,3 bilhão — outras categorias, como viagens internacionais e serviços de telecomunicação, apresentaram aumento significativo:
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Viagens internacionais: déficit de US$ 1,3 bilhão (+14,5%)
- Gastos de brasileiros no exterior: US$ 1,9 bilhão
- Receitas com turistas estrangeiros: US$ 573 milhões
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Serviços de propriedade intelectual: déficit de US$ 995 milhões (+35,6%)
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Serviços de telecomunicação, computação e informação: déficit de US$ 591 milhões (+142%)
Ess aumentos mantiveram a conta de serviços no vermelho, apesar da melhora em outras subcontas.
Renda e Investimentos Estrangeiros
A conta de renda primária, que inclui pagamento de juros de dívida externa e remessa de lucros, mostrou um impacto negativo significativo em outubro, com um déficit de US$ 7,4 bilhões, o que representa uma alta de 12,7% em comparação ao mesmo mês do ano passado. Os componentes mais relevantes do déficit foram:
- Juros pagos ao exterior: US$ 2,2 bilhões (+31,7%)
- Lucros e dividendos enviados para fora: US$ 5,3 bilhões (frente a US$ 5,0 bilhões em 2024)
Apesar das dificuldades nas contas externas, os investimentos diretos no Brasil (IDP) permaneceram elevados, totalizando US$ 10,9 bilhões em outubro, acima dos US$ 6,7 bilhões em 2024. Os dados revelam que:
- Participação no capital: US$ 10,1 bilhões, sendo US$ 6,6 bilhões em novos aportes e US$ 3,5 bilhões em lucros reinvestidos.
- Operações intercompanhia: US$ 855 milhões
- No total acumulado em 12 meses, o IDP chegou a US$ 80,1 bilhões (representando 3,63% do PIB).
Além disso, os investimentos em carteira registraram entradas líquidas de US$ 3,2 bilhões, impulsionadas por aplicações em títulos de dívida.
Reservas Internacionais
As reservas internacionais do Brasil aumentaram para US$ 357,1 bilhões ao fechamento de outubro, marcando um crescimento de US$ 521 milhões em relação ao mês anterior. Esse aumento foi impulsionado principalmente por receitas de juros de US$ 809 milhões e ganhos de preços de US$ 736 milhões. No entanto, as vendas de US$ 1 bilhão no mercado à vista e as variações cambiais atenuaram parte desse aumento.
Revisão Metodológica do Banco Central
O Banco Central do Brasil também anunciou uma revisão significativa na maneira como registra operações com criptoativos. As novas diretrizes diferenciariam entre criptoativos sem emissor, como o Bitcoin, que serão classificados como ativos não financeiros, e criptoativos com emissor, como as stablecoins, que serão categorizados como ativos financeiros. Essa atualização alinha-se à nova versão do manual do Fundo Monetário Internacional (FMI).

