A taxa de desemprego no Brasil, correspondente ao trimestre encerrado em março, atingiu 7%, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse número representa um incremento de 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, sendo o melhor desempenho para o período desde o início das medições, em 2012. Esse resultado eleva as expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para o mesmo intervalo.
Segundo especialistas, o ajuste sazon atualizado mostra uma leve redução da taxa de desemprego entre fevereiro e março, mantendo-se estável em torno de 6,5% desde outubro de 2024. Rodolfo Margato, economista da XP, considera que os dados confirmam um cenário de aquecimento no mercado de trabalho brasileiro, refletido em uma taxa de desemprego comparativamente baixa e aumento da renda.
Margato destaca que o principal avanço na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) de março foi o incremento consistente dos rendimentos reais do trabalho, que subiram 0,3% no mês, marcando o sexto ganho consecutivo, além de um crescimento de 4% em comparação a março de 2024. No acumulado dos últimos doze meses, os rendimentos reais avançaram 4,4%.
A forte elevação da renda e o aumento da população empregada demonstram um crescimento expressivo no índice, segundo Margato. Ele aponta que a massa de renda total proveniente do trabalho subiu 0,5% na comparação mensal e acumulou uma alta de 6,6% em relação a março de 2024, totalizando um crescimento de 7,5% nos últimos doze meses.
Ele complementa que as condições do mercado de trabalho permanecem favoráveis, com aumento do emprego, especialmente em ocupações formais, e salários reais em ascensão contínua, pressionando os custos unitários do trabalho na maioria dos setores.
Leonardo Costa, economista do ASA, ressalta que os resultados da PNAD Contrária ao movimento de desaceleração observado no final do ano passado, aquecendo as expectativas de crescimento econômico para o país. “O mercado de trabalho apresentou atividade robusta no primeiro trimestre de 2025, desafiando a desaceleração observada no último quadrimestre de 2024; nossa previsão é de um PIB forte neste primeiro trimestre”, afirma Costa.
Rafael Perez, economista da Suno Research, enfatiza que o setor formal do emprego também teve desempenho positivo, com o número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado alcançando 39,45 milhões, um aumento de 3,9% em relação ao ano anterior. O leve aumento da taxa de desemprego no período é atribuído ao término de contratos temporários no final do ano, mas Perez acredita que a taxa histórica baixa reflete um mercado de trabalho resiliente, crucial para sustentar o consumo e a renda familiar.
Desaceleração pode ocorrer no segundo semestre
Os dados que indicam aumento do emprego e da renda, na visão de Margato, reforçam a expectativa de uma desaceleração gradual da atividade econômica ao longo de 2025, com inflação de serviços ainda elevada no curto prazo. A XP projeta um crescimento do PIB de 2,3% para este ano, ligeiramente acima do consenso do mercado, além de uma taxa de desemprego de 7% ao final de 2025, considerando ajustes sazonais. Essa projeção indica uma leve alta em relação aos 6,5% registrados em 2024.
Perez, da Suno, prevê uma leve aceleração da taxa de desemprego, que pode chegar a 7,2% até o final do ano, em função da perda de tração no crescimento na segunda metade do ano. “Apesar disso, a nova taxa ainda se mantém em um patamar historicamente baixo e sugere um viés de alta para a projeção do PIB deste ano”, afirma.
Igor Cadilhac, economista do PicPay, observa que, apesar dos indicadores favoráveis, há sinais de deterioração no mercado de trabalho. Ele espera uma desaceleração gradual no cenário para os próximos meses, especialmente a partir do segundo trimestre, mas acredita que o mercado continuará aquecido, o que pode pressionar a inflação por um período mais prolongado. Para 2025, a projeção é de uma taxa média de desemprego em torno de 6,9%, encerrando o ano em 7,1%.