O economista americano Paul Michael Romer, laureado com o Prêmio Nobel de Economia em 2018, expressou, durante um evento em São Paulo, preocupações sobre os efeitos negativos do monopólio no desenvolvimento social. Segundo ele, essa concentração de poder inibe a disseminação de ideias e conhecimento.
Em sua participação no evento Global Voices, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Romer destacou que “a economia pode ser extraordinária quando não existe monopólio”. Ele enfatizou a urgência de governos robustos para resistir às influências prejudiciais de grandes empresas no setor tecnológico, que regulam informações fundamentais.
Romer, que recebeu o Nobel por suas contribuições sobre como a inovação tecnológica e o conhecimento podem impulsionar o crescimento econômico sustentável, explicou que a evolução da sociedade depende da troca de ideias e conceitos. Citou avanços históricos, desde a invenção da escrita até a popularização da linguagem de programação Python.
Em um recado direto ao Brasil, o economista declarou a necessidade de um governo forte para garantir o avanço social, fazendo alusão a situações de abuso, como intoxicações em comunidades e a dependência causada por produtos da indústria farmacêutica. “O único agente que pode proferir um ‘não’ convincente a essas questões é o governo”, afirmou Romer.
Ele também discutiu a origem e o impacto de ideias, mencionando o exemplo do soro caseiro desenvolvido em Bangladesh, que salvou inúmeras vidas ao ser compartilhado internacionalmente. “O valor das ideias está na acessibilidade que todos têm a elas”, pontuou. Romer criticou o cenário atual das buscas online, observando que informações relevantes, como documentários sobre invenções significativas, muitas vezes não são facilmente encontradas devido a algoritmos manipulados por empresas.
No tocante à Microsoft, Romer classificou a empresa como uma das maiores ameaças à segurança nos EUA, citando falhas nas práticas de compartilhamento de informações em nuvem. Ele alertou que a companhia lucrou sem priorizar a segurança, e seu pessimismo se estende ao cenário regulatório nos Estados Unidos, onde a desregulamentação está em ascensão.
Romer convidou a sociedade a refletir sobre o papel vital que ideias e aplicações tecnológicas desempenham no progresso coletivo, sublinhando que as inovações devem ser coletivas e acessíveis para gerar valor à humanidade.