SÃO PAULO (Reuters) – A atividade industrial no Brasil apresentou uma desaceleração em sua contração em outubro, impulsionada por uma pressão menor sobre os custos. No entanto, a demanda fraca e as tarifas aplicadas pelos Estados Unidos impactaram negativamente o setor, que registrou a maior perda de empregos em dois anos e meio, conforme revela pesquisa divulgada nesta segunda-feira.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI) da indústria brasileira, elaborado pela S&P Global, subiu para 48,2 em outubro, um aumento em relação aos 46,5 de setembro. Apesar desse avanço, o índice permanece abaixo do limiar de 50, que indica crescimento, marcando o sexto mês consecutivo de contração.
A pesquisa aponta que tanto as novas encomendas quanto a produção diminuíram de forma menos acentuada em outubro. A taxa de contração da produção foi a mais branda nos últimos seis meses, enquanto a queda nas vendas foi a mais leve desde maio.
Os dados revelam uma combinação de fatores que influenciaram o setor. Enquanto algumas empresas observaram um aumento nas reposições de estoque e investimentos em vendas, a demanda internacional por produtos brasileiros enfrentou o pior desempenho em três meses, com os Estados Unidos se destacando como um ponto fraco.
Pollyanna De Lima, diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence, destacou os impactos das tarifas dos EUA, que aceleraram a contração nas encomendas internacionais. Ela observou que, apesar da contínua queda em novos pedidos e produção, houve um sinal encorajador devido à desaceleração na taxa de declínio.
As tarifas impostas pelos Estados Unidos envolvem sanções a autoridades brasileiras, ligadas a questões como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em um encontro no final de outubro, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump discutiram essa situação.
A contração nos novos pedidos e as medidas de cortes de custos resultaram em um significativo declínio no emprego nas fábricas brasileiras, atingindo o ritmo de cortes mais intenso desde abril de 2023. Entretanto, algumas empresas apontaram a falta de mão de obra qualificada como um obstáculo para preencher vagas disponíveis.
Com relação aos preços, um leve aumento nos custos de insumos, após a primeira queda em quase dois anos em setembro, permitiu ao setor registrar sua segunda redução consecutiva nos preços cobrados. Enquanto alguns participantes mencionaram preços elevados em commodities, outros destacaram a valorização da taxa de câmbio.
Olhando para o futuro, os produtores demonstram otimismo quanto a um aumento na produção nos próximos 12 meses, impulsionados por expectativas de melhoria na demanda, aquisições, investimentos e lançamentos planejados de novos produtos. Essa perspectiva elevou o nível de confiança ao patamar mais alto em quatro meses durante outubro.

