PEQUIM (Reuters) – As exportações da China registraram um crescimento de 8,3% em setembro, marcando a maior alta desde março, segundo dados alfandegários divulgados nesta segunda-feira. Esse avanço superou a expectativa de aumento de 6% prevista em pesquisa da Reuters. Contudo, as recentes tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos reacenderam preocupações sobre o impacto no emprego e a possibilidade de deflação em uma economia que depende fortemente das vendas externas.
A segunda maior economia do mundo buscou diversificar seus mercados de exportação em resposta ao aumento das tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Essa estratégia ajudou a manter a meta de crescimento do PIB em aproximadamente 5% para o ano. No entanto, a ameaça de Trump de reimpor tarifas de três dígitos em retaliação aos controles de exportação de terras raras, anunciados pela China, pode colocar essa estratégia em risco.
Julian Evans-Pritchard, analista da Capital Economics, destacou que, apesar da resiliência da economia chinesa em face das tarifas americanas, há um potencial significativo de desvantagem com um possível rompimento mais profundo nas relações sino-americanas.
Embora o crescimento das exportações traga alívio a uma economia ainda vulnerável, a possibilidade de tarifas elevadas imposta pelos EUA poderia provocar um choque deflacionário, impactando particularmente os pequenos exportadores e os empregos na China.
Através de uma análise das remessas, foi observado que as exportações para os Estados Unidos caíram 27% em relação ao ano anterior. Em contrapartida, houve um crescimento expressivo nos envios para a União Europeia, Sudeste Asiático e África, com aumentos de 14%, 15,6% e 56,4%, respectivamente.
François Xu, economista sênior da Economist Intelligence Unit, observou que “as empresas chinesas estão ativamente buscando novos mercados”. Ele acrescentou que, atualmente, os EUA representam menos de 10% das exportações diretas da China. Se tarifas de 100% forem implementadas, a pressão sobre o setor de exportação aumentará, mas o impacto pode não ser tão severo quanto em crises anteriores.
Em setembro, as importações da China cresceram 7,4%, o que representa o ritmo mais rápido desde abril de 2024, se comparado ao aumento de 1,3% do mês anterior. No entanto, o superávit comercial da China caiu para US$90,45 bilhões, em relação a US$102,33 bilhões em agosto, ficando abaixo da previsão de US$98,96 bilhões.