As exportações brasileiras para os Estados Unidos que enfrentaram sobretaxas sofreram uma queda de 25,7% em setembro de 2025, em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Este índice supera a média geral de retração das exportações, que foi de 20,3%. Em contraposição, os produtos que não foram afetados por sobretaxas registraram um aumento de 12,3% no valor exportado, impulsionado, em grande parte, pelas vendas de petróleo e derivados. Os dados são do Monitor do Comércio Brasil-EUA, elaborado pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham).
De acordo com a Amcham, setembro de 2025 representa o ponto mais crítico do comércio bilateral até o momento. O presidente da Amcham Brasil, Abrão Neto, destacou que os números evidenciam o impacto negativo das tarifas sobre as exportações brasileiras. Ele observou que produtos sujeitos a sobretaxas experimentaram uma retração de 26%, e essa tendência pode se intensificar nos próximos meses. A aceleração das negociações entre os governos dos dois países será crucial para reequilibrar o comércio bilateral.
Neto também comentou sobre uma recente conversa entre os presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, esse contato representa um passo significativo para buscar soluções negociadas que atenuem os efeitos das tarifas no comércio.
O comércio entre Brasil e EUA é sustentado por uma vasta rede de empresas e investimentos mútuos. Neto expressou a expectativa de que o diálogo entre os presidentes possa facilitar negociações que garantam previsibilidade e a continuidade do crescimento das trocas comerciais.
No balanço geral de 2025, os produtos exportados com sobretaxa mostraram uma leve alta, uma vez que as tarifas começaram a ser aplicadas no segundo semestre, em agosto. No entanto, os produtos da seção 232, que enfrentaram tarifas desde antes, apresentaram uma queda de 7,2%. Já os produtos sem sobretaxa tiveram uma redução de 7,8%, principalmente devido à diminuição das importações de petróleo e celulose pelos EUA.
Entre janeiro e setembro de 2025, as exportações industriais brasileiras para os Estados Unidos atingiram um recorde de US$ 23,3 bilhões, apresentando um aumento de 0,4% em relação ao ano anterior. Contudo, o crescimento tem mostrado sinais de desaceleração. Os EUA continuam sendo o principal destino das exportações brasileiras, representando 16,2% do total, à frente de outras regiões como Mercosul (US$ 17,9 bilhões) e União Europeia (US$ 16,8 bilhões).
A análise dos dez principais produtos exportados para os EUA indica que oito deles pertencem ao setor de transformação, que se destacou como motor do crescimento no último ano, embora tenha registrado apenas uma alta de 0,4% em comparação ao ano anterior.
Em contrapartida, as importações de produtos americanos aumentaram 11,8% no ano, ampliando o superávit comercial dos EUA com o Brasil para US$ 5,1 bilhões, quatro vezes maior que o superávit do mesmo período em 2024. Essa situação resulta em um saldo comercial superavitário para os EUA, que alcançou US$ 5,1 bilhões em 2025, marcando um aumento de 287,3% em relação ao ano anterior.
A Amcham alertou que a manutenção de tarifas elevadas não apenas pode reduzir as exportações brasileiras, mas também comprometer a corrente total de comércio, que, apesar de ter alcançado US$ 63,5 bilhões, já apresenta sinais de desaceleração.