Líderes financeiros de todo o mundo estiveram em Washington na última semana para discutir os impactos das tarifas propostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e as consequências para a economia global. No entanto, muitos voltaram para casa com mais dúvidas do que esclarecimentos.
As reuniões da primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial deixaram a impressão de que a administração Trump ainda não possui um consenso sobre suas exigências em relação aos parceiros comerciais afetados pelas novas tarifas. Vários ministros das Finanças e Comércio tentaram, sem sucesso, se reunir com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, bem como com outros altos funcionários do governo. Aqueles que conseguiram uma audiência foram frequentemente aconselhados a ter paciência, mesmo com o término da pausa de 90 dias para a aplicação de tarifas mais elevadas se aproximando.
Embora o governo tenha recebido 18 propostas por escrito e tenha apresentado uma agenda de negociações, nenhuma nova decisão foi alcançada. O ministro das Finanças da Polônia, Andrzej Domanski, afirmou que as interações não necessariamente representavam um processo de negociação. Ele destacou a preocupação com a instabilidade que as tarifas podem causar não apenas para a Europa e os EUA, mas para a economia global como um todo.
As tarifas, que incluem 25% sobre importações norte-americanas de veículos, aço e alumínio, e 10% sobre uma ampla gama de outros produtos, despertaram preocupações sobre danos significativos tanto para os Estados Unidos quanto para outras potências econômicas. Domanski comentou que a percepção do governo americano é de que as consequências seriam uma “dor de curto prazo” com possíveis ganhos a longo prazo, mas ele expressou receio de que tanto dores imediatas quanto duradouras sejam uma realidade.
As discussões comerciais mais significativas com o Japão e a Coreia do Sul também não resultaram em acordos concretos, embora Bessent tenha descrito as conversas como “produtivas”. O FMI, em seu relatório de Perspectivas Econômicas Mundiais, adotou uma postura um pouco mais otimista sobre as consequências das tarifas, reduzindo, porém, as previsões de crescimento para muitos países. Mesmo assim, a instituição não antecipa uma recessão, nem para os EUA nem para a China, que atualmente enfrenta tarifas americanas de até 145% sobre diversos produtos.
A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, reconheceu que os países membros estavam cientes da incerteza imposta por uma economia global afetada por pandemias, inflação e conflitos. Ela expressou esperança de que as negociações comerciais ajudem a aliviar as tensões tarifárias. “Reconhecemos que há um trabalho em andamento para resolver disputas comerciais. Quanto mais cedo a incerteza for dissipda, melhor será para os negócios, o crescimento e a economia mundial”, concluiu Georgieva.
Além disso, autoridades financeiras indicaram à Reuters que as chances de uma recessão podem ser maiores do que os 37% previstos pelo FMI, citando as projeções do setor privado como base para esse temor.