O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) apresentou uma retração de 0,2% em outubro, sinalizando uma continuidade da desaceleração econômica no Brasil. Este resultado, abaixo da expectativa do mercado, que previa um crescimento de 0,1%, eleva as discussões sobre futuras políticas do Comitê de Política Monetária (Copom), especialmente em relação ao início do ciclo de cortes de juros, projetado para o primeiro trimestre de 2024.
Esse é o segundo resultado negativo consecutivo, complementando a queda de 0,19% registrada em setembro, um dado revisado pelo Banco Central, inicialmente estabelecido em 0,20%.
O economista da XP, Rodolfo Margato, apontou que a atividade econômica no Brasil tem se desacelerado ao longo do segundo semestre, coerente com a política monetária contracionista vigente. Ele observa que, apesar desse cenário, o mercado de trabalho permanece robusto, e os esforços fiscais expansionistas contribuem para sustentar uma resiliência na atividade econômica.
Matheus Pizzani, economista do PicPay, considerou que a queda deverá intensificar as discussões em torno dos próximos passos da política monetária, em linha com as análises do Copom que destacam um crescimento ainda considerado positivo.
André Valério, economista do Inter, observa que a desaceleração é evidente, embora não signifique uma recessão iminente. Por sua vez, Leonardo Costa, economista do ASA, afirmou que o IBC-Br sugere uma leve redução da atividade econômica no início do quarto trimestre, indicando uma perda de tração.
Queda Setorial
Valério mencionou que a queda do IBC-Br contrasta com as estatísticas setoriais do IBGE, que mostraram crescimento nos três principais setores da economia. Entretanto, Costa destacou uma queda disseminada, especialmente na indústria (-0,7%) e em serviços (-0,2%). A agropecuária, por outro lado, apresentou um aumento de 3,1%, o que ajudou a minimizar a queda geral. Sem esse suporte do setor agrícola, o IBC-Br teria recuado 0,3% no mês.
A discrepância entre o resultado negativo do IBC-Br e os dados positivos do IBGE levantou questionamentos entre analistas. António Ricciardi, economista do Daycoval, ressaltou que essa diferença é atribuída à metodologia de ponderação, onde os pesos do PIB são distintos dos da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), especialmente no que diz respeito ao transporte.
Ricciardi enfatizou que, apesar das discrepâncias, a tendência permanece clara: setores não cíclicos, como a agropecuária, continuam a mostrar dinamismo, enquanto setores cíclicos, como indústria e serviços, enfrentam uma desaceleração mais pronunciada, confirmando o impacto da política monetária sobre segmentos sensíveis às taxas de juros. Além disso, os resultados foram fracos em diversas categorias dentro da indústria, exacerbados por tarifas elevadas, e as vendas de alimentos, tanto no varejo quanto em restaurantes, continuam a desacelerar.
Projeções Econômicas
O ASA mantém sua projeção de PIB próximo de zero para o quarto trimestre de 2025, alinhada à desaceleração observada na atividade econômica no segundo semestre. O Inter prevê que a combinação de deterioração econômica e desinflação reforça a expectativa de cortes na Selic, possivelmente já na reunião de janeiro.
Valério conclui que a tendência de acomodação do crescimento deverá persistir, com o PIB apresentando estabilidade ao longo do quarto trimestre e encerrando o ano com alta de 2,2%.
A XP projeta um crescimento de 0,2% para o quarto trimestre de 2025 e de 2,3% para o ano.

