O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que serve como prévia do índice oficial de inflação, registrou uma alta de 0,25% em dezembro, comparado a 0,20% em novembro. Apesar desse aumento, o acumulado anual ficou em 4,41%, dentro do intervalo de tolerância da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central, que é de até 4,5%. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta terça-feira, 22 de dezembro.
A economista Claudia Moreno, do C6 Bank, atribui o alívio na inflação à desvalorização do dólar, que caiu aproximadamente 10% ao longo do ano. “Isso trouxe um alívio significativo à inflação”, afirmou.
Entretanto, analistas apontam que o cenário inflacionário continua a gerar preocupações, especialmente com os preços de serviços mantendo-se elevados. A variação de serviços sensíveis à mão de obra, conforme indicador móvel de três meses e ajustado sazonalmente, subiu de 7,1% em novembro para 7,4% em dezembro, segundo Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs.
No relatório do Itaú Unibanco, a economista Luciana Rabelo sinaliza que o resultado foi “pior do que o esperado”, destacando pressões inflacionárias em serviços como estética e lanches, além de bens industriais como roupas e aparelhos telefônicos. Luís Otávio de Souza Leal, economista-chefe da G5 Partners, complementa que, ao longo do ano, houve uma desaceleração na inflação, principalmente devido à redução nos preços dos alimentos, mas que os serviços devem acelerar entre 2024 e 2025.
O segmento de Transportes teve grande influência na prévia da inflação de dezembro, representando quase 60% do aumento. O custo das passagens aéreas subiu 12,71%, impactando em 0,09 ponto porcentual no IPCA-15 do mês. O transporte por aplicativo ficou 9% mais caro, enquanto os combustíveis apresentaram uma variação de 0,26%: com um aumento de 1,70% no preço do etanol e de 0,11% na gasolina, enquanto o gás veicular e o óleo diesel tiveram reduções de 0,26% e 0,38%, respectivamente.
Na categoria Despesas Pessoais, os aumentos mais significativos ocorreram em cabeleireiros e barbeiros (1,25%), empregados domésticos (0,48%) e pacotes turísticos (2,47%). Referente à Habitação, o maior impacto foi causado por aluguéis residenciais (0,33%), taxas de água e esgoto (0,66%) e gás encanado (0,28%). A energia elétrica residencial teve uma queda de 0,22%, em decorrência da aplicação da bandeira tarifária amarela a partir de dezembro.
Em contrapartida, os alimentos para consumo em casa apresentaram uma ligeira diminuição de 0,08% em dezembro. Itens como o tomate (-14,53%), leite longa-vida (-5,37%) e arroz (-2,37%) se tornaram mais acessíveis, embora as carnes (1,54%) e as frutas (1,46%) tenham registrado elevações em seus preços.

