O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma alta de 0,48% em setembro de 2023, em contraste com a deflação de 0,11% observada em agosto. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 9 de outubro. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice apresenta uma elevação de 5,17%.
As expectativas do mercado eram de um aumento de 0,52% para setembro e uma alta de 5,22% no período de 12 meses. A pressão principal no índice foi exercida pelo setor de energia elétrica residencial, que avançou 10,31% no mês, contribuindo com 0,41 ponto percentual para o IPCA. Essa alta foi impulsionada pelo término do Bônus de Itaipu, que havia reduzido as tarifas em agosto, além da continuidade da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que implica uma cobrança extra de R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.
Consequentemente, o grupo Habitação apresentou um aumento de 2,97%, a maior variação entre os nove grupos analisados, com um impacto de 0,45 ponto percentual no índice geral. Essa foi a maior alta para o grupo no mês de setembro desde 1995. No acumulado do ano, a energia elétrica acumulou um crescimento de 16,42%, contribuindo com 0,63 ponto percentual no IPCA, e uma variação de 10,64% nos últimos 12 meses.
Outros grupos também apresentaram variações significativas. As Despesas Pessoais avançaram 0,51%, impulsionadas por pacotes turísticos (alta de 2,87%) e itens de lazer, como cinema e teatro (elevação de 2,75%). Já o grupo Transportes teve uma variação modesta de 0,01%, com os combustíveis se recuperando levemente em relação ao mês anterior, destacando-se a alta do etanol (2,25%) e da gasolina (0,75%).
No entanto, o grupo Alimentação e Bebidas registrou sua quarta queda consecutiva, diminuindo 0,26%, refletindo recuos nos preços de tomate (-11,52%), cebola (-10,16%), alho (-8,70%) e arroz (-2,14%). A alimentação fora do domicílio também desacelerou, passando de 0,50% em agosto para 0,11% em setembro. Outros grupos que enfrentaram deflação foram Comunicação (-0,17%) e Artigos de Residência (-0,40%), enquanto Vestuário (0,63%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,17%) mostraram altas mais moderadas.
O índice de difusão, que mede a proporção de subitens com variação positiva, caiu de 57% para 52%. O IBGE observou que, sem considerar o impacto da energia elétrica, a inflação de setembro seria de apenas 0,08%.
No segmento de serviços, o IPCA passou de 0,39% em agosto para 0,13% em setembro. Os preços monitorados pelo governo, no entanto, subiram 1,87%, motivados principalmente pelos aumentos da energia e da gasolina.
Na análise regional, São Luís apresentou a maior variação com 1,02%, devido a um expressivo aumento da energia elétrica de 27,30%. Em contrapartida, Salvador registrou o menor índice, com 0,17%, beneficiado por quedas nos preços de tomate e no seguro de veículos.
Além disso, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias de baixa renda, subiu 0,52% em setembro, acumulando 5,10% nos últimos 12 meses. A maior pressão veio dos produtos não alimentícios, com alta de 0,80%.
Em resumo, os dados do IPCA ressaltam as diferentes dinâmicas de preços no Brasil, destacando a significativa influência da energia elétrica sobre a inflação recente.