A volatilidade da economia brasileira é o principal fator que compromete o desempenho do País em comparação a outras nações emergentes. Essa afirmação foi feita pelo economista Marcos Lisboa durante o Painel GCB “O Valor da Incerteza”, realizado em São Paulo no dia 29 de março de 2023.
Lisboa destacou que, enquanto o mundo avançou, o Brasil enfrenta oscilações entre crises severas e momentos de crescimento. “Na média, nossa performance está aquém de outros emergentes, contrariando o padrão de convergência, onde nações menos desenvolvidas avançaram e as mais ricas se mantiveram estáveis”, afirmou.
O economista, ex-presidente do Insper, apontou que o País está preso à denominada “armadilha da renda média” devido à falta de condições básicas para impulsionar produtividade, inovação e concorrência. “O nome do jogo é produtividade. Embora tenhamos bons resultados em setores como tecnologia, finanças e agronegócios, há um problema macroeconômico fundamental: o ajuste fiscal. Não é viável continuar elevando a arrecadação para cobrir os gastos públicos. Atualmente, o Banco Central tem atuado como a figura responsável, mantendo taxas de juros elevadas”, explicou.
Além disso, Lisboa criticou a baixa qualidade da infraestrutura, o sistema tributário convoluto e a excessiva regulação. Esses fatores contribuem para a insegurança jurídica e desestimulam novos investimentos, resultando em uma má alocação de capital.
O economista também ressaltou que a volatilidade econômica acentua a desigualdade e impõe desafios adicionais ao País. “A análise de riscos se torna um dos maiores desafios, pois é fundamental compreender esse ambiente complexo, com regras peculiares e incerteza jurídica”, observou.
Lisboa enfatizou ainda a necessidade de aprimorar a educação e a formação da mão de obra como estratégias essenciais para manter os ganhos de produtividade. “É imperativo uma agenda robusta para resolver essas distorções, que se tornaram entraves para o País”, concluiu.
Essa análise foi corroborada por Hélio Beltrão, economista e fundador do Instituto Misis Brasil, que também participou do painel. “O Brasil é uma aula de como fazer errado”, sintetizou Beltrão.

