Nas últimas semanas, o Fundo Soberano da Noruega, o maior do mundo, tem sido destaque na mídia. Recentemente, anunciou um investimento de US$ 3 bilhões no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma iniciativa apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a COP30. Além disso, o fundo se fez ouvir na assembleia de investidores da Tesla, onde votou contra o superpacote salarial de Elon Musk, e decidiu se abster em uma votação do conselho da farmacêutica Novo Nordisk.
As decisões deste fundo estatal têm grande relevância para os mercados financeiros globalmente. O InfoMoney apresenta a seguir detalhes fundamentais sobre o fundo.
Origem dos Recursos do Fundo Soberano
O governo norueguês criou o Fundo Soberano em 1986, visando acumular o excedente das receitas provenientes da exploração do petróleo. A iniciativa começou a tomar forma em 1960, quando o primeiro-ministro Einar Gerhardsen reivindicou a soberania sobre a plataforma continental norueguesa, permitindo a exploração dos recursos do Mar do Norte, culminando na descoberta de petróleo em 24 de dezembro de 1969. O primeiro plano para administrar essa riqueza foi desenvolvido em 1974, e a proposta concreta de um fundo surgiu em 1983, que estabelecia que o governo deveria acumular a receita e destinar apenas os rendimentos.
Bases do Fundo desde sua Criação
A criação do Fundo foi aprovada pelo Parlamento da Noruega em 1990, com o objetivo de gerenciar a receita do petróleo a longo prazo. Isso permitiu ao governo flexibilidade fiscal em momentos de volatilidade nos preços do petróleo e em casos de recessão econômica. O Fundo foi projetado para investimentos de longo prazo, mas também para uso emergencial quando necessário. A primeira transferência de capital ao Fundo ocorreu em 1996, seguindo os padrões do banco central para formação de reservas cambiais, com ênfase em investimentos no exterior.
Setores de Investimento do Fundo
O Norges Bank Investment Management é responsável pela gestão do fundo, que atualmente possui ativos de cerca de US$ 2,1 trilhões. Os investimentos estão distribuídos em mais de 70 países e abrangem mais de 11 mil tipos de ativos. Dos recursos investidos, aproximadamente 70% estão alocados no mercado acionário global; 27% em renda fixa (títulos públicos); 1,9% em imobiliário; e 0,4% em infraestrutura de energia renovável.
O fundo possui participações significativas em grandes empresas de tecnologia, incluindo US$ 51 bilhões na Nvidia, cerca de US$ 50 bilhões na Microsoft, mais de US$ 38 bilhões na Apple, e valores superiores a US$ 20 bilhões na Amazon, Alphabet e Meta. Em relação à Tesla, o investimento é de US$ 11,7 bilhões, representando 1,24% do capital da montadora.
Atuação no Brasil
O Fundo Soberano da Noruega mantém forte presença na B3, com investimentos em 97 companhias listadas. Sua maior participação é na Construtora Tenda, representando 4,71% do capital. Outros investimentos significativos incluem 4,38% na Hapvida, 4,16% na MRV, 4,11% na Localiza e 4,03% no Magazine Luiza. Além disso, detém US$ 880 milhões em ações da Petrobras, que equivale a 1,17% do capital da empresa, e cerca de US$ 700 milhões em títulos do Tesouro brasileiro.
Desempenho do Fundo
No terceiro trimestre, o Fundo registrou um retorno de 5,8%, impulsionado por um bom desempenho no mercado acionário e a crescente confiança em investimentos em inteligência artificial. O retorno sobre ações foi de 7,7%, enquanto a renda fixa apresentou 1,4%. A infraestrutura de energia renovável e o setor imobiliário contribuíram positivamente, com adições de 0,3% e 1,1%, respectivamente.
Trond Grande, vice-CEO do Norges Bank Investment Management, destacou que os ganhos ocorreram em setores como materiais básicos, finanças e telecomunicações, além de um bom desempenho no portfólio na região da Ásia-Pacífico, especialmente no Japão e na Coreia do Sul.

