O mercado financeiro aguarda a divulgação do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre (3T25) nesta quinta-feira, dia 4. As projeções indicam um leve crescimento entre 0,1% e 0,3% em relação ao trimestre anterior, e uma alta de aproximadamente 1,6% a 1,8% na comparação anual. Esses números refletem uma desaceleração moderada após um primeiro semestre robusto, impulsionado principalmente pelo setor agropecuário e impactado pelos juros elevados.
Dados preliminares sobre a atividade econômica, divulgados pelo Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), revelaram uma queda de 0,20% em setembro em relação a agosto, com uma retração de 0,9% na comparação trimestral. Esse desempenho deve-se à diminuição nas atividades da indústria e dos serviços.
De acordo com a análise do Itaú, o setor industrial deve se destacar positivamente no indicador do PIB, especialmente a indústria extrativa, que está em ascensão devido à produção significativa de petróleo e gás. Por outro lado, o setor de serviços deve apresentar uma “perda de fôlego”, especialmente nas atividades voltadas para o consumo das famílias.
Leonardo Costa, economista do ASA, observa que a atividade econômica deve apresentar uma “moderação disseminada”. Ele acredita que, após um primeiro semestre vigoroso, o setor agrícola não conseguirá repetir os resultados anteriores, devido à sazonalidade das safras. Segundo Costa, a desaceleração era esperada; o setor agrícola, que foi o principal motor no início de 2025, agora deve ter um papel neutro no crescimento.
Os dados da produção industrial, divulgados recentemente, mostraram um crescimento que ficou abaixo das expectativas, com um aumento de apenas 0,1% em comparação à projeção de 0,5%. Na comparação anual, a produção industrial retraiu 0,5%. As estimativas do Itaú indicam que, anualmente, a indústria pode crescer 1,6%, superando o crescimento de 1,1% registrado no trimestre anterior. Já o setor agrícola deve ver uma desaceleração, com avanço de 6% comparado a 10,1% no segundo trimestre do ano passado.
Além disso, o cenário do mercado de trabalho, do setor de serviços e do crescimento da renda tem se mostrado positivo, apesar da desaceleração em segmentos como varejo, construção civil e indústria. Rafael Perez, economista da Suno Research, nota que a expansão do mercado de trabalho e o aumento da renda real têm contribuído para sustentar a atividade econômica.
A XP também destaca que a atividade doméstica está desacelerando neste segundo semestre, influenciada por restrições de crédito, juros altos e um aumento da inadimplência. Mesmo assim, o aumento da renda real e um mercado de trabalho forte têm ajudado a amortecer esse impacto. Para o terceiro trimestre, o Itaú prevê um crescimento do setor de serviços de 1,5% na comparação anual, após um crescimento de 2% no segundo trimestre.
Quanto ao consumo e investimentos, ambos devem desacelerar no 3T25, devido aos altos juros e ao endividamento da população. O Itaú projeta um crescimento de 1,2% no consumo das famílias em relação ao mesmo período do ano passado, uma queda em relação ao aumento de 1,8% no segundo trimestre. Para investimentos, a expectativa é um aumento de 2%, inferior ao crescimento de 4,1% do trimestre anterior.
As previsões para o PIB em 2025 variam. O Itaú estima um crescimento de 2,2%, com riscos ligeiramente negativos devido à dinâmica do mercado de crédito. A Suno Research projeta um avanço de 2,3%, enquanto a XP indica 2,1% e o Daycoval estima uma alta de 2% no mesmo período.

