O vice-presidente de Finanças e Controladoria da Caixa Econômica Federal, Marcos Brasiliano Rosa, afirmou que o Brasil não enfrenta uma crise de renda e emprego capaz de afetar os níveis de inadimplência das famílias. No entanto, ele reconheceu que as finanças pessoais da população estão sob pressão devido à taxa de juros elevada, fixada em 15% ao ano.
Durante a apresentação do balanço do terceiro trimestre da instituição, realizada em São Paulo, Brasiliano destacou que a carteira de crédito do banco oferece “tranquilidade” neste cenário desafiador. Ele relatou um lucro líquido contábil de R$ 3,8 bilhões para o período, o que representa um crescimento de 15,4% em relação ao terceiro trimestre de 2022 e 50,3% em comparação a setembro do ano passado.
“Nosso portfólio nos confere segurança para enfrentar este momento. A análise econômica mostra que não há crise de renda ou emprego. O endividamento familiar é mais preocupante devido à atual taxa de juros que, no patamar em que está, se torna um fator mais impactante do que o volume de crédito”, declarou Brasiliano.
O índice de inadimplência da Caixa subiu de 2,66% em junho para 3,01% em setembro, embora continue abaixo da média do setor, que cresceu de 3,79% para 4,12% no mesmo período. De acordo com o balanço mais recente, 78,4% das operações de crédito do banco estão classificadas como C1 e C2, que têm garantia de qualidade superior para pagamento. A distribuição da carteira de crédito revela que 10,8% estão na classificação C3, enquanto C4 possui 0,0% e C5 também 10,8%.
O aumento da inadimplência foi especialmente influenciado pelo agronegócio, que passou de 7,02% para 11,20%. O setor comercial, que subiu de 8,23% para 8,95%, e o imobiliário, que foi de 2,66% para 3,01%, também contribuíram para essa elevação.
Brasiliano expressou otimismo quanto a uma possível redução da taxa de juros em 2026, o que, segundo ele, poderá aliviar a situação de inadimplência. Além disso, reafirmou que a Caixa não planeja alterar sua abordagem para a concessão de crédito. “A Caixa está segura quanto à sua estratégia de captação e aplicação e não vê riscos estruturais nessa dinâmica”, concluiu.

