A reunião de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) ocorre esta semana em meio a um cenário de tensão, marcado pelas tarifas comerciais impostas pelo governo do ex-presidente Donald Trump aos parceiros comerciais dos Estados Unidos. O evento, que se inicia nesta segunda-feira (21) e se estende até sábado (26), em Washington, contará com a presença de representantes de diversos países, além de parlamentares, economistas e membros da sociedade civil.
Segundo Maria Antonieta Del Tedesco Lins, professora de Economia Internacional no Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), embora a programação do encontro já esteja delineada, este é um momento crucial para discutir a atual situação econômica global, especialmente após as tarifas aplicadas pela administração Trump, cujos percentuais foram considerados aleatórios.
No contexto do comércio com a China, as tarifas sobre produtos se aproximam de 245%. Trump anunciou uma pausa de 90 dias na implementação das tarifas específicas, reduzindo as taxas para 10% durante esse período. As ações impactaram o comércio internacional e contribuíram para que as projeções do FMI indicassem uma desaceleração da economia global. Durante o discurso de abertura do evento, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, destacou que as previsões de crescimento são baixas, mas afastou o risco de uma recessão iminente.
A desaceleração econômica é uma das principais preocupações do FMI, que tem a função de evitar crises financeiras e auxiliar na recuperação de países em dificuldades, como ocorreu recentemente com a Argentina. Uma possível crise generalizada no comércio internacional coloca em xeque a capacidade da instituição de atender a todos os países afetados, considerando a limitação de seus recursos.
Expectativas para a Reunião do FMI
Durante o encontro, o FMI apresentará a revisão de suas expectativas e previsões de crescimento econômico global, além de análises específicas de países. Essas projeções são essenciais para os mercados, especialmente quando comparadas às estimativas governamentais.
Serão realizadas discussões sobre temas variados, como energia, endividamento de países, estratégias de combate às mudanças climáticas e a mobilização de capital público e privado para infraestrutura do G7. Apesar da relevância do evento, Lins observa que não é esperado que novas alianças sejam formadas imediatamente. No entanto, o encontro servirá como um espaço para diálogos que possam levar a acordos futuros.
Esse evento é considerado uma oportunidade ímpar para que os países se posicionem contra a política tarifária de Trump, visando discutir as implicações de tais medidas em uma audiência global. Segundo Lins, o FMI poderia exercer pressão contra as tarifas, mas essa dinâmica dependerá do ambiente interno, uma vez que os Estados Unidos são os principais financiadores do fundo.
Odilon Guedes, presidente do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo (Corecon-SP), acrescenta que a reunião deverá incentivar uma abordagem cautelosa entre os participantes. Embora os países possam criticar as políticas tarifárias, a expectativa é de que nenhum deles deseje se expor em demasia durante as discussões.