SÃO PAULO (Reuters) – A bandeira tarifária de energia elétrica deve ser acionada no patamar amarelo em dezembro, refletindo um início de período úmido menos favorável para o setor. Essa será a primeira cobrança adicional na conta de luz desde 2021, conforme indicam as previsões de analistas.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgará oficialmente a bandeira tarifária para dezembro nesta sexta-feira. As expectativas apontam para uma cobrança adicional de R$1,885 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos, que representa uma redução em relação à cobrança atual de R$4,46 por 100 kWh na bandeira vermelha patamar 1.
Embora a banda tarifária amarela represente uma cobrança adicional, a pressão inflacionária deve ser moderada, visto que o custo será inferior ao registrado em novembro. Análises da corretora Warren Rena indicam que a inflação deve encerrar abaixo do teto da meta estabelecida.
As chuvas iniciais deste período úmido não resultaram na recuperação esperada dos principais reservatórios das usinas hidrelétricas, localizados no submercado Sudeste/Centro-Oeste. Essa situação impediu uma melhoria significativa nos custos da energia para os consumidores, segundo a consultoria Thymos. O coordenador de Preços e Estudos de Mercado da Thymos, Pedro Moro, afirmou que “dezembro poderá sinalizar o início de uma reversão de tendência, mas a efetividade dessa expectativa dependerá do comportamento das chuvas nas próximas semanas”.
De acordo com Moro, o sistema elétrico ainda requer atenção, e a estabilidade nos níveis de reservatórios é crucial para um cenário mais positivo. A possibilidade de implementação da bandeira amarela em dezembro é endossada tanto pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) quanto pela corretora Warren Rena, que preveem essa situação em todos os cenários analisados.
A bandeira amarela, que marca a primeira cobrança adicional para o mês de dezembro desde 2021, ocorre em um contexto de preços de energia mais elevados e voláteis, em função de alterações nos modelos de precificação aplicados ao mercado de curto prazo. Essas mudanças aumentaram a aversão ao risco, levando em consideração cenários de hidrologia severa, com o objetivo de aprimorar a avaliação do custo da água no Brasil, cuja matriz energética continua a depender fortemente das hidrelétricas.
Para janeiro, a expectativa é de bandeira verde, sem cobranças adicionais na conta de luz, devido às chuvas esperadas para o período úmido. O cenário inflacionário da Warren Rena, que considera a bandeira amarela para dezembro, prevê uma inflação de 4,2% para o IPCA em 2025, com uma projeção semelhante de 4,5% em 2026.
(Por Letícia Fucuchima)

