As declarações recentes de dirigentes do Federal Reserve (Fed) revelam uma divisão nas expectativas em relação aos próximos passos da política monetária. Nesta sexta-feira, 21 de setembro, os comentários surgem no contexto da divulgação de dados econômicos que podem reduzir as chances de um corte de juros ainda neste ano.
O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos anunciou na quinta-feira a criação de 119 mil novas vagas de emprego fora do setor agrícola em setembro, superando a expectativa de 50 mil. Entretanto, a taxa de desemprego subiu para 4,4%, o que foi interpretado como um indicativo de cautela para o Fed em sua decisão sobre juros.
Em meio ao debate sobre um possível corte nas taxas de juros em dezembro, os dados apresentados favorecem uma abordagem mais cautelosa. O presidente do Fed de Nova York, John Williams, afirmou que a instituição ainda pode optar por cortes de juros “no curto prazo” sem comprometer a meta de inflação. Essa declaração inicialmente impulsionou os mercados americanos, que passaram de queda para alta. Williams destacou que é “imperativo restaurar a inflação para a meta de longo prazo de 2%”, que atualmente está em torno de 2,75%.
Além disso, Williams observou que as pressões sobre os preços devem diminuir à medida que o efeito das tarifas se dissipa, sem provocar uma inflação persistente. O cenário do mercado de trabalho, com a taxa de desemprego em alta para 4,4%, sugere uma desaceleração em comparação com os níveis anteriores à pandemia.
Ele enfatizou que o Fed precisa alcançar sua meta de inflação sem comprometer a meta de máximo emprego, afirmando que a política monetária é atualmente “modestamente restritiva” e que ainda há espaço para ajustes nas taxas de juros.
Por outro lado, a presidente do Federal Reserve de Dallas, Lorie Logan, defendeu a manutenção da taxa de juros estável “por algum tempo”, enquanto a instituição avalia o grau de restrição da política monetária. Em comentários feitos para um evento em Zurique, destacou que cortar os juros em outubro não seria justificado dadas as altas taxas de inflação e um mercado de trabalho equilibrado.
Logan argumentou que “manter os juros estáveis permitirá ao FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto) avaliar melhor o atual nível de restrição da política monetária”.
Por sua vez, a presidente do Federal Reserve de Boston, Susan Collins, expressou otimismo quanto à direção da política monetária, em meio a uma economia resiliente. Em entrevista à CNBC, ela afirmou que uma “política levemente restritiva” é “muito apropriada neste momento” e que manter os juros nos níveis atuais ajudará a moderar as pressões inflacionárias conforme os custos se espalham pela economia. Collins também demonstrou hesitação em relação às decisões que serão tomadas na próxima reunião do FOMC.
As declarações dos dirigentes do Fed revelam uma análise cuidadosa dos dados econômicos mais recentes, com um foco crescente na estabilidade dos mercados de trabalho e na inflação. A próxima reunião do Comitê será crucial para definir a trajetória futura da taxa de juros nos EUA.

